Neste domingo, o meia Kaká deu uma entrevista para Galvão Bueno no Esporte Espetacular, da TV Globo. O camisa 22 do Milan contou bastidores da sua trajetória frustrada no Real Madrid e o retorno ao clube italiano. O melhor jogador do mundo em 2007 revelou que as lesões o deixaram muito desmotivado - fazendo-o pensar até em encerrar a carreira.
Kaká chegou ao Real Madrid em 2009, após a conquista da Copa das Confederações. Seu início no clube, contudo, foi cheio de lesões no joelho, na cartilagem, no púbis e isto impediu que ele tivesse uma regularidade como titular do time merengue. A situação inédita na carreira fez o jogador perdesse o gosto pelos gramados.
"Eu chegava em casa chateado e as crianças eram uma motivação para continuar jogando, treinando. Mas foram momentos muito difíceis, cheguei a ir treinar sem vontade nenhuma, vontade zero. Esta foi minha situação no Real Madrid", lembrou.
Os momentos ruins, entretanto, não fizeram o jogador guardar rancor do técnico José Mourinho que - segundo a imprensa espanhola - era desafeto declarado do meia. "Eu não tenho mágoa dele, As lesões me tiraram espaço, mas eu não culpo Mourinho. Sempre busquei convencer ele, provar que eu poderia dar mais para o Real Madrid e não convenci, mas valeu a pena pela experiência", relativizou.
De volta ao Milan após quatro anos sem brilho na Espanha, Kaká se lesionou no primeiro jogo oficial pelo clube. O fato fez com que ele pensasse em encerrar a carreira definitivamente.
"Na hora eu falei, não sei, não dá mais. Eu me preparei, fiz uma programação minha, de tentar jogar mais uma Copa e no primeiro jogo oficial me machuco. Aí pensei, chega", revelou.
O diretor esportivo do Milan, porém, tratou de acalmar o ídolo milanista, que abriu mão de receber salários durante o período em que estava se tratando. "Senão ia parecer que eu vim para um lugar confortável para lavar minhas mãos e não fazer nada. A partir dali comecei a fazer minha recuperação e de lá para cá nenhum problema físico", comemorou.
Um dos líderes do elenco e vice-capitão do time (usa a tarja na ausência de Montolivo), o astro se diz satisfeito com a nova fase na carreira. "Faz muita diferença quando você está feliz. O rendimento dentro de campo tem a parte física, técnica, mas hoje eu aprendi que tem um fator psicológico muito grande em campo. Se você está feliz as coisas acontecem mais facilmente, mais naturalmente", avaliou.
Desde seu retorno ao Milan, são 17 jogos, seis gols e quatro assistências de Kaká. O bom momento individual faz com que o camisa 10 da seleção na Copa de 2010 volte a sonhar com a Copa do Mundo de 2014, a quarta na carreira. Recentemente, Felipão e Parreira elogiaram o meia e abriram a possibilidade dele ser testado mais uma vez no time - com a atual comissão técnica, ele jogou contra Rússia e Itália.
"Meu foco e meu objetivo é esse, de voltar a seleção e ir para a Copa no Brasil. Meu planejamento foi todo em cima disso. Todos os dias eu faço trabalho extra para melhorar minha condição física, ter arrancada, força e ter alegria de jogar", garantiu.
Para realizar o sonho, o titular do Brasil em 2006 e 2010 diz que aceita até ser novamente reserva - como em 2002, quando ele conquistou o título. "Eu acho que em uma Copa este tipo de vaidade não se encaixa em um time campeão", declarou, humilde.
"Eu tenho esperança de poder estar na lista final, não sei como vai ser, acho que agora o funil está cada vez mais estreito, a Copa das Confederações apontou um caminho, mas não posso deixar de tentar. Fiquei feliz quando o Felipão deixou aberto, me deu uma motivação a mais de continuar tentando ser convocado. Vou fazer tudo que puder para estar na próxima e na convocação final", concluiu.