Simpatia, carisma, beijo na bola e promessa de troca de camisa com Cristiano Ronaldo. Tudo muito bem feito, estudado previamente para desviar o foco do mais importante. Kaká pouco falou sobre a sua condição física, que está comprometendo o seu rendimento e o da própria seleção brasileira. Palavras não bastam. Além de treinar abaixo dos companheiros, ele jogou mal contra o Zimbábue. O jogador promete estar "inteiro" para a estreia do Brasil na Copa do Mundo, contra a Coreia do Norte, no dia 15. Boa vontade e dedicação ele tem, mas essas qualidades não são o suficiente. Kaká chega ao Mundial dessa maneira por seu talento e por ser um dos jogadores mais importantes do mundo.
A pubalgia de Kaká se manifestou no início do seu contrato com o Real Madrid, no ano passado. Ela estava em grau avançado e o impedia de jogar bem, mas mesmo assim, com dores e com o movimento travado, ele entrou em campo, e jogou muito mal. A combativa imprensa espanhola começou a levantar a discreta suspeita de que ele poderia estar se poupando para disputar a Copa do Mundo pelo Brasil.
Kaká ficou indignado, mas se calou. Ele passou a evitar jornalistas espanhóis. As dores eram constantes. Se ele estivesse no Brasil, os médicos já teriam operado o meia, como contou Joaquim Grava.
- A operação de pubalgia se tornou uma intervenção simples. A recuperação depende do caso, mas em média leva um ou dois meses.
- Por uma questão ética, não vou falar do Kaká, que é um jogador que eu não examinei. Só posso falar de maneira geral. Quando um atleta tem uma inflamação no púbis que o impede de jogar normalmente e ela não regride de vez, a cirurgia é um caminho seguro.
Mas havia um grave problema comercial envolvendo Kaká e o Real Madrid. Como operar um jogador que custou 65 milhões de euros (R$ 142 milhões no câmbio atual) e ainda logo que chegou ao clube? Todo o departamento médico seria exposto, passaria por incompetente. E quanto o meia seria desvalorizado? A diretoria mal havia assumido o clube. Essas suspeitas crescem entre os jornalistas europeus.
Há outro agravante para deixar Kaká longe da mesa de cirurgia de qualquer hospital: o rendimento abaixo do esperado do Real Madrid. Ele estava em uma grande sinuca. Não poderia parar para ser operado, tinha de jogar e atuava cada vez pior. Enquanto isso, o seu companheiro Cristiano Ronaldo mostrava tudo o que sabe. Afinal, estava mais do que saudável. Kaká visivelmente não mostrava condições físicas para acompanhá-lo. E dá-lhe críticas da imprensa espanhola e decepção da direção do Real Madrid. Não está ainda descartada a possibilidade de o brasileiro ser vendido após a Copa do Mundo.
Também se comenta da forte chance de Kaká se submeter à operação do púbis assim que acabar o Mundial. Ele estaria fazendo o esforço final para aguentar a competição. O fisioterapeuta Luis Rosan não o abandona sequer por um dia, faz questão de fortalecer a região, mas médicos importantes garantem que, se a situação estiver como vários jornalistas suspeitam, tudo será um paliativo. Kaká poderá jogar, mas com um rendimento abaixo da sua capacidade.
A pubalgia propaga dores para as coxas e a cintura como um todo, prejudica o simples movimento de virar o corpo, dar arrancadas e chutes ao gol. Por incrível ?coincidência?, os sintomas que Kaká tem mostrado em qualquer treino com bola.
Ele nega com palavras, mas seu comportamento com a bola o denuncia. Nesta segunda-feira (7) há o amistoso contra a Tanzânia. Será o último jogo antes da estreia do Brasil na Copa e outra oportunidade para Kaká tentar provar que todos os jornalistas espanhóis estão errados.