Justiça não aceita sugestão do MP de livrar Ronaldinho de processo

Ronaldinho e seu irmão Assis prestaram depoimento por mais de seis horas a Valinotti

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O juiz Mirko Valinotti, responsável por ouvir nesta sexta-feira os depoimentos de Ronaldinho Gaúcho e seu irmão, Roberto de Assis, no caso dos documentos falsos, não aceitou o argumento do Ministério Público do Paraguai, que entendeu que os dois brasileiros não precisariam ser processados no país, e deu um prazo de dez dias para o MP reavaliar a situação.

Ronaldinho e Assis prestaram depoimento por mais de seis horas a Valinotti, no Juizado Penal de Garantias de Assunção, sobre o uso de carteiras de identidade e passaportes falsos durante a passagem dos dois pelo Paraguai.

Embora o MP do Paraguai tenha indicado que Ronaldinho e Assis poderiam não ser processados, por terem colaborado com a investigação, o juiz do caso tem outra interpretação. Valinotti quer que o MP dê um novo parecer em dez dias, mantendo a sugestão de não processar os brasileiros ou apresentando uma acusação formal.

Ronaldinho e Assis deixaram o Palácio de Justiça no início da noite desta sexta-feira, tão logo terminou o depoimento, mas ainda não revelaram se voltarão para o Brasil imediatamente ou se permanecerão no país. Os dois estão livres para deixar o Paraguai, mesmo com o pedido feito pelo juiz Mirko Valinotti para o MP rever o caso.

- Atualmente eles não se encontram com medida cautelar que os proíbam sair do país - explicou Valinotti.

Os dois irmãos tiveram os documentos retidos na quinta-feira, um dia depois da chegada ao Paraguai para participar de eventos promocionais. De acordo com o Ministério Público paraguaio, o uso de documentos públicos com conteúdo falso pode levar a uma pena de cinco anos ou multa. No entanto, o MP entendeu que Ronaldinho e Assis deram vários dados relevantes à investigação, quando ele e Assis admitiram o erro pelo uso dos documentos.

O MP considerou que ambos "foram enganados em sua boa fé". A promotoria decidiu usar o “critério de oportunidade”, recurso no Código Penal paraguaio que deixaria livre de processo Ronaldinho e seu irmão. Ele é usado quando os suspeitos admitem o delito e não têm antecedentes criminais no país. A audiência desta sexta poderia ter resultado em uma pena de reparação social. A sugestão, no entanto, não foi aceita pelo juiz Mirko Valinotti.

A promotoria acusou três pessoas: o empresário Wilmondes Sousa Lira, apontado pela defesa de Ronaldinho como responsável pelos documentos falsos, e as paraguaias María Isabel Galloso e Esperanza Apolonia Caballero.

O MP pediu a prisão preventiva de Wilmondes, que foi detido na quinta-feira, acusado por produção de documentos não autênticos, uso de documentos públicos de conteúdo falso e falsidade ideológica. Nesta sexta, Wilmondes deixou sua cela no Palácio de Justiça e foi chamado várias vezes para a sala de audiência onde o juiz Mirko Valinotti ouvia Ronaldinho e Assis. Após o depoimento, o empresário foi transferido para um presídio próximo ao Palácio de Justiça, na região central de Assunção.

Os passaportes e cédulas de identidade paraguaios do ex-jogador e de Assis foram expedidos ao nome de María e Esperanza e depois adulterados para possuírem os dados de Ronaldinho e o irmão. Ambas foram detidas e compareceram à sede da Promotoria contra o Crime Organizado na noite desta quinta, mas permaneceram em silêncio. Elas foram acusadas de uso de documentos públicos com conteúdo falso, e ficaram detidas no Palácio da Justiça. Nesta sexta, María e Esperanza foram colocadas em prisão domiciliar.

Outras pessoas e funcionários públicos também estão na mira da investigação da promotoria paraguaia. O caso provocou várias trocas de acusações entre autoridades do país e a renúncia do diretor de Migração do Paraguai, Alexis Penayo. Nesta sexta, o Ministério do Interior anunciou María de Los Ángeles Arriola Ramírez, funcionária do ministério, como nova diretora geral de Migração do país.

Entenda o caso

Ronaldinho e Assis chegaram na manhã de quarta-feira em Assunção para participarem de evento da ONG Fundação Fraternidade Angelical. Ambos também foram ao país a convite do empresário Nelson Belotti, dono de um cassino que tem o ex-jogador como embaixador. Os passaportes no desembarque chamaram a atenção das autoridades.

Os dois passaram a ser suspeitos por uso de documentos falsos, mas apenas horas depois, à noite, membros do Ministério do Interior e do MP locais fizeram uma operação de busca.

Segundo o MP, passaportes, carteiras de identidade e telefones de R10 e Assis foram apreendidos no Yacht y Golf Club. Segundo o ministro do Interior Euclides Acevedo, os dois ficariam sob custódia no hotel até a manhã desta quinta, quando foram prestar depoimento.

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