Juiz conta como é ser homossexual em “esporte de macho” e emociona

Vítima recente de ofensa por um fã de rúgbi, Nigel Owens escreve artigo no qual compartilha a experiência de há oito anos ter assumido ser homossexual e conviver em um ambiente que chama

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Imagina o impacto de assumir ser gay em um esporte estigmatizado como extremamente masculino? Pois o juiz de rúgbi Nigel Owens não só comprou a luta há oito anos como hoje se tornou uma inspiração de como lidar com a situação e enfrentar eventuais casos de homofobia. Nesta semana, em artigo publicado no jornal The Independent, o galês de 43 anos contou sua experiência e ganhou mais admiradores por sua coragem.

Nigel foi convidado a escrever o texto uma semana depois de mais uma vez ser vítima de homofobia. Enquanto apitava o jogo Inglaterra x França pelo Torneio de Seis Nações, o jovem de 18 anos Edryd Hames postou um tuíte agressivo ao juiz, o que provocou uma investigação da Polícia de Dyfed-Powy. O caso foi solucionado com um pedido de desculpas pessoal – e depois por meio do Twitter – do agressor, que disse ter ficado envergonhado de sua atitude.

 No artigo, Nigel Owens conta que “ser um juiz de rúgbi gay tem sido difícil, mas sair do armário o fez renascer”. Ele disse que infelizmente enfrentou casos de homofobia ao longo da carreira, mas que o preconceito vem de uma minoria. “Eu fui aceito por 99 por cento do mundo do rúgbi, mas sempre existe o um por cento”.

O galês conta que, quando jovem, tentou a carreira como jogador. Tudo mudou quando levou a sério a brincadeira de um técnico que sugeriu a ele ser juiz. Na vida pessoal, Nigel conta que teve namoradas, mas a partir dos 18 anos começou a perceber mudanças em si mesmo. Porém, só assumiu a homossexualidade aos 35 anos, nove depois de uma tentativa de suicídio quando já era um juiz conceituado no rúgbi.

“Quando eu me tornei juiz, ficou claro para mim que ninguém no esporte era gay. O mundo do rúgbi é muito heterossexual e masculino, e isso dificultou as coisas. Isso não quer dizer que o esporte é homofóbico. Só não era um ambiente onde eu sentia que podia ser eu mesmo”, explicou no artigo.

 Nigel disse que foi difícil tomar a decisão. Ele temia ter de encerrar a carreira, mas se surpreendeu com a repercussão, de uma maneira geral positiva. E contou uma passagem curiosa com o jogador Ryan Jones, que ao vê-lo entrando no vestiário disse: “ei, Nigel. Me deixe colocar a roupa antes”. A resposta fez os dois e todos os presentes caírem na risada. “Mas Isso não importa, você é feio de qualquer jeito”.

“Os jogadores de rúgbi podem aparentar serem muito machos, mas eu não tive problemas com eles. Alguns são curiosos e fazem perguntas sobre eu e meu parceiro e sei que alguns fazem brincadeiras”, conta Nigel, que se diz preparado para estas situações. “Nós não podemos perder nosso senso de humor e nossa capacidade de rir de nós mesmos”.

Nigel Owens pode ser considerado um pioneiro no rúgbi assim como outro galês, o jogador Gareth Thomas, que um ano depois do árbitro também assumiu ser homossexual. Se pudesse dar conselhos a quem vive o mesmo dilema, Nigel é claro no que pensa. “Acreditem, tudo ficará bem. Pode ter um amigo ou membro da família que pode não aceitar, mas as coisas ficarão bem com o tempo se você tiver pessoas ao ser redor que te dão suporte”.

Repercussão no Twitter

As palavras de Nigel Owens, assim como a atitude de aceitar as desculpas de seu último agressor, tiveram grande repercussão no Reino Unido. O juiz recebeu no Twitter diversas mensagens de pessoas que disseram ter ficado emocionadas com o depoimento.

 

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