A receita contra zumbis é clara: acerte a cabeça, e fim de papo. Com os da Coreia do Sul, parece não ser bem assim. Foi com golpes no ombro que José Aldo encontrou o caminho para derrubar Chan Sung Jung, o Zumbi Coreano, na luta principal do UFC 163, neste sábado, na Arena da Barra, no Rio de Janeiro. Único brasileiro com o título linear do UFC, Aldo cumpriu a promessa de passar por cima do rival e manteve o orgulho do país. Ao defender o cinturão dos pesos-penas do Ultimate, o atleta da Nova União deu mais um show e se firmou como campeão do povo. O triunfo veio com um nocaute técnico aos dois minutos do quarto round, após três assaltos difíceis, mas com nítida superioridade do lutador de Manaus. Foi a 15ª vitória desta forma em sua carreira. E o caminho foi aberto após uma sequência de chutes altos que deslocaram o ombro direito do sul-coreano. Logo depois, Aldo partiu para liquidar o adversário ? aí, sim, atingindo a cabeça sem piedade, como manda a cartilha.
- Eu vi que o ombro dele saiu do lugar depois dos meus chutes em cima, então fui para pegar e finalizar a luta. Tentei sempre ganhar o round com a queda, terminando por cima, para ganhar a luta. O próximo (desafiante) não sei ainda. Isso é trabalho do Ultimate - afirmou Aldo após o combate.
Com mais uma defesa de cinturão bem-sucedida, a quinta dentro do UFC, Aldo permanece como o único brasileiro no topo de sua categoria na organização. Seu companheiro de academia, Renan Barão, é dono do título interino dos galos, que tem Dominick Cruz como campeão. Porém, enquanto José Aldo for peso-pena, parece que o cinturão não mudará de mãos. Resta saber se ele realmente subirá para os leves ou se seguirá com o domínio da divisão dos penas.
"O bicho vai pegar"
O Zumbi Coreano começou parecendo ignorar a pressão dos torcedores, que diziam que "o Aldo vem aí, e o bicho vai pegar". Um chute baixo e o domínio do centro do octógono. Nada que abalasse o campeão. Com 1m10s de round, José Aldo conectou seu primeiro golpe, com uma direita na cabeça. Pouco depois, uma combinação de jab e direto, com a direita passando no vazio. A esta altura, Chan Sung Jung já dava mais passos para trás, mas não deixava de atacar. Só que do outro lado não estava um lutador qualquer, e Aldo conseguiu uma queda importante, além de uma combinação de chute rodado e joelhada voadora nos segundos finais do assalto.
Chan Sung Jung novamente iniciou o round tomando a iniciativa. Com chutes altos e combinações, ele tentou entrar no raio de ação de Aldo, que contragolpeava a cada investida. O manauara voltou a controlar o centro do cage e colocar mais golpes no corpo do sul-coreano. Os jabs do campeão entravam de forma efetiva e, quando o Zumbi Coreano resolveu ir para cima, José Aldo novamente derrubou o adversário. Ele caiu procurando o katagatame, mas não encaixou. Chan Sung Jung tentou surpreender atacando o braço do brasileiro, mas o round acabou com o atleta da Nova União por cima do oponente.
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José Aldo pareceu ter estudado bem todas as armas do Zumbi Coreano. No começo do terceiro round, o sul-coreano tentou uma joelhada voadora perigosa. Mas não perigosa para o brasileiro, que entrou no tempo certo e colocou novamente o oponente com as costas no chão. Chan Sung Jung se levantou, mas ficou contra a grade, sendo pressionado pelo campeão. Sem muita ação, Herb Dean recolocou os lutadores no centro do octógono. Novamente o manauara encurtou e deixou o Zumbi com as costas na grade, que respondeu tentando um estrangulamento, mas não encaixou bem. Herb Dean separou novamente os atletas e o asiático soltou uma joelhada voadora, que não acertou o brasileiro, mas o desequilibrou nos últimos segundos.
O apelido de Zumbi Coreano é por sempre andar para frente, mesmo levando golpes duros. O quarto round seguiu mostrando que isso não é uma lenda. Mas José Aldo não aceitou a pressão e, após uma sequência de três chutes altos consecutivos, o brasileiro foi para o chão com Chan Sung Jung, que cedeu as costas, levou uma saraivada de socos na cabeça até que Herb Dean encerrou o combate. O título segue no Brasil e nas mãos de um lutador que não tem medo de assombrações, como o Zumbi e o fantasma que aterrorizou os brasileiros nas últimas disputas de cinturão, com Anderson Silva e Junior Cigano.