Joia na Libertadores, “Neymar do Equador” pede nova chance no Brasil

Extravagante, mas humilde, atacante de 23 anos teve experiência frustrada no Cruzeiro, mas espera que boa fase no México lhe dê outra oportunidade.

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Estilo extravagante, cabelo meio ?pica-pau?, correntes, roupas da moda... O atacante equatoriano Fidel Martinez tem tudo isso e um pouco mais à disposição em Tijuana, onde virou xodó depois de ajudar a equipe a ser campeã mexicana no ano passado e a fazer excelente campanha na Taça Libertadores de 2013 ? três vitórias em três jogos. Nesta semana, porém, ele tenta se aproximar de um sonho que tem desde que foi dispensado do Cruzeiro por abusar da noite: Fidel quer ser ídolo no Brasil.

O Tijuana enfrenta o Corinthians nesta quarta-feira, no Pacaembu, e Fidel já tem história para contar sobre o país. Aos 23 anos, ele é mais conhecido aqui por ser sósia de Neymar, inclusive no estilo de jogo e no número 11 que leva às costas. Ele avisa que não quer ser rotulado apenas como um seguidor do craque brasileiro que joga no Santos.

? Sou o Fidel, e é assim que quero marcar minha história no futebol. Neymar é um grande jogador, admito que me inspiro nele, mas somos diferentes ? avisou o equatoriano, após a vitória por 1 a 0 sobre o Timão, quarta passada, em Tijuana.

Fidel Martinez acompanha Neymar de longe, pela televisão, mas poderia estar bem mais próximo do ídolo se tivesse conduzido melhor o início de sua carreira. Após chamar a atenção com o Equador nos Jogos Pan-Americanos de 2007, no Rio de Janeiro, Fidel foi contratado para a equipe sub-20 do Cruzeiro, destacou-se em alguns torneios internacionais e ganhou moral com Enderson Moreira, atual técnico do Goiás, que cuidava da base celeste na época.

Na época, ele também foi apadrinhado pelo zagueiro equatoriano Giovanny Espinoza, bem mais experiente. Mesmo com os conselhos, Martinez viu o sucesso lhe tomar o bom senso. E passou a abusar das noitadas em Belo Horizonte, de acordo com relatos dos próprios funcionários do Tijuana que conhecem sua história. O sósia de Neymar, porém, diz que o problema foi outro.

? Era muito novo, tinha só 18 anos, e não me adaptei tão bem no time de cima. Tinha grandes craques como o Ramires, era difícil conquistar uma vaga ali. E no fim, passei a jogar mais recuado, não na função que gosto ? lamentou Martinez.

O equatoriano gosta de jogar como Neymar, aberto por uma das pontas e infernizando o lateral adversário com dribles e jogadas de efeito que enlouquecem sua torcida e irritam o rival. Foi assim contra o Corinthians, no México, e deve ser assim no Pacaembu. Em São Paulo, Martinez espera ter mais uma grande atuação, ajudar o Tijuana a vencer e ganhar uma nova chance no futebol brasileiro.

? Quem não sonha jogar no Brasil? Já tive essa oportunidade, mas agora estou mais bem preparado. Um dia espero voltar e jogar bem ? disse o equatoriano.

Humildade, apesar das aparências

Fidel Martinez é um tipo humilde, tranquilo e querido por jogadores e funcionários do Tijuana, de acordo com pessoas que trabalham no clube. A vaidade é o que chama a atenção, tal qual Neymar. Na saída do Estádio Caliente, em Tijuana, o atacante estava com o cabelo vermelho cuidadosamente arrumado ? como se nem tivesse entrado em campo. Bermuda descolada, tênis com meia soquete e uma camisa decorada por algumas correntes completavam o visual.

Quem trabalha diariamente com Fidel está mais do que acostumado a essas extravagâncias. Mas quando chegou do Deportivo Quito, na metade de 2012, o equatoriano ainda não tinha tantos cuidados com o cabelo.

? Ele chegou sem o cabelo vermelho, é verdade. Nunca foi tímido, mas era mais discreto. O que importa mesmo é o que ele veste, as correntes que usa, o cuidado com o cabelo. Ele aproveita o bom momento para aparecer, e acho que está certíssimo ? afirmou um funcionário da comunicação do Tijuana.

A vida em Tijuana pode ser tentadora, já que a cidade é conhecida por suas festas quase diárias com mexicanos e americanos que cruzam a fronteira colada ao local. De acordo com o clube, porém, Martinez não tem histórico de noitadas que comprometeram seu desempenho em algum jogo ou treinamento. Pode ser estratégia de blindagem do jogador, mas o discurso de quem fala do equatoriano é de confiança.

? Não falo isso por ele jogar no Tijuana e morar aqui, mas sim pelo que conheço dele. Aprendeu muito com os erros do início de carreira e quer se redimir. Creio que tem total potencial para estar no Brasil em 2014, se o Equador for à Copa, ou até mesmo jogando num time de lá. Mas duvido que saia daqui agora, é um ídolo ? explicou outro funcionário do Tijuana.

Se depender da excelente campanha dos Xolos na Libertadores, Martinez pode sonhar mesmo com voos mais altos. O garoto humilde que saiu do interior do Equador é hoje o xodó de uma cidade inteira que o quer ver driblando novos adversários rumo ao título da América.

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