Gre-Nal bom é aquele em que vencer o rival também significa complicar a vida dele na tabela. Os colorados têm muito a comemorar: venceram por 1 a 0, com gol de D’Alessandro (adora clássicos!), colaram de vez no líder Palmeiras e ainda viram o Tricolor assumir um papel de mero coadjuvante para o restante do Brasileirão. Foi o quinto Gre-Nal do ano. E a quarta vitória do Inter.
O Grêmio caminha mal para o fechamento da temporada - sem título de Gauchão e/ou Libertadores, com quase nada a fazer no Brasileirão e tendo vencido apenas um Gre-Nal. O Colorado mantém a supremacia sobre o rival e tem chances vivas de voltar a ser campeão brasileiro 30 anos depois, em plena temporada de centenário. Não foi um bom clássico tecnicamente.
As chances de gol foram raras, especialmente no primeiro tempo. O Gre-Nal valeu mais por sua importância do que pela qualidade da partida. O Inter, com o resultado, manteve a terceira colocação, agora com 52 pontos, dois atrás do líder Palmeiras e com apenas um de desvantagem para o vice, o Atlético-MG. O Grêmio é o oitavo, ainda com 44, oito pontos atrás de uma quase inalcançável zona de classificação para a Libertadores da América. Os dois rivais voltam a campo na quarta-feira. O Inter faz jogão contra o São Paulo, quarto colocado, no Morumbi.
O Grêmio recebe o Avaí. Ainda no túnel de acesso ao gramado, perguntado por um repórter sobre o costumeiro bom futebol em Gre-Nais, D’Alessandro disse que ainda não tinha feito nada. Modéstia dele. Ele fez, sim. Fez dois gols no passado, desequilibrou clássicos, deu vitórias ao Inter.
E continuou assim neste domingo. Não que tenha jogado muito. Longe disso. Mas fez o gol. Como sempre, teve estrela para dar, vender e emprestar em um Gre-Nal. Foi cedinho, pouco antes dos três minutos. A bola partiu de Kleber. Quando chegou em Alecsandro, ele recuou de peito para o argentino. D’Ale dominou, mirou o gol adversário e mandou o chute. A bola viajou, bateu em cima da linha da pequena área, ganhou altura e passou por cima de Victor. Rotina: gol de D’Alessandro em Gre-Nal.
Inédito: falha de Victor, o goleiro que sempre pareceu imune a erros. O Gre-Nal começou fervendo e foi esfriando com o passar do tempo. Depois do gol do Inter, pouco aconteceu. O Grêmio não se abalou, manteve o padrão de jogo, firmado em três volantes, dois meias e apenas um atacante. O time de Paulo Autuori controlou a bola, passeou pelo campo de ataque, mas esteve excessivamente defensivo para poder ameaçar o adversário com vigor.
Chutes de Adílson e Rochemback, de longe, foram o resumo das oportunidades tricolores na etapa inicial. E o Inter fez ainda menos. Mordeu, correu, mostrou disposição de sobra, mas criou pouco: alguns lances de Giuliano, uma ou outra tentativa de D’Alessandro, mas nada que tenha recebido continuidade no ataque. O melhor que a equipe de Mário Sérgio fez nos 45 minutos iniciais, fora o gol de D’Ale, foi a capacidade de controlar o adversário.
Daniel anulou o lado esquerdo do Grêmio, fortalecido com as presenças de Lúcio e Douglas Costa. Índio e Bolívar cortaram tudo pelo meio. Sandro esteve firme como volante. Guiñazu foi Guiñazu. E ser Guiñazu basta para jogar bem. No ataque, a equipe vermelha foi improdutiva. Alecsandro apareceu bem de pivô, buscou o jogo, tentou auxiliar das formas possíveis. Já Taison perdeu todas para o gremista Mário Fernandes. Teve rendimento quase nulo.
Assim, o Inter não fez nada além de duas tentativas fracas, uma com Giuliano, outra com Kleber. Foi um primeiro tempo ruim. Inter mantém a vitória O Grêmio voltou diferente no segundo tempo. Autuori manteve a estrutura de três volantes, mas tirou Douglas Costa, um meia, para colocar Herrera, um atacante. Talvez não tenha sido culpa da substituição, mas o fato é que o time conseguiu ameaçar mais. Com um minuto, Lúcio cruzou, Guiñazu cortou e Souza chutou mal, por cima. Com 11, o mesmo Souza, de cabeça, quase empatou o jogo.
A bola saiu por pouco. Aí o Inter também mudou. Mário Sérgio sacou Taison e D’Alessandro para apostar em Marquinhos e Andrezinho. Mas foi o Grêmio quem seguiu criando. Souza, pela direita, mandou na área. Herrera tinha tudo para fazer o gol. Mas o chute foi daqueles que constrangem até alunos de escolinha: fraco, espremido contra o chão, insuficiente até para chegar na linha do gol.
Com o passar do tempo, o Inter conseguiu controlar melhor o adversário e passou a atacar um pouco mais. Quase ampliou com Alecsandro, que recebeu de Marquinhos na área, mas se enrolou ao tentar driblar Victor. Era uma chance clara. O Grêmio ainda tentou a igualdade com Renato. Incrível: Paulo Autuori só desfez o esquema de três volantes aos 33 minutos do segundo tempo.
A entrada do meia não fez grande diferença. O Tricolor teve que suportar a derrota, teve que ver as esperanças minguarem, teve que aceitar o papel de coadjuvante e ainda teve o zagueiro Rafael Marques expulso no fim de jogo. E talvez ainda veja o Inter ser campeão brasileiro.