A Globo lançou seu novo projeto de transmissões esportivas ao vivo no YouTube com a GE TV, iniciado no jogo Brasil x Chile pelas Eliminatórias da Copa do Mundo. A apresentação ficou a cargo da Regina Casé, em uma estratégia de competir com a CazéTV, que já soma mais de 22 milhões de inscritos. Comparações mostraram que a CazéTV teve 7 vezes mais audiência que a GE TV, reforçando o poder do streaming e das lives como alternativa de monetização.
O modelo tradicional da Globo consistia em vender direitos de transmissão e cotas publicitárias, garantindo faturamento bilionário — R$ 2,5 bilhões só em Campeonato Brasileiro e Copa do Brasil em 2025. No entanto, a Lei Pelé de 2020 e a compra do Esporte Interativo pelo Turner aumentaram a concorrência e abriram espaço para plataformas digitais como a CazéTV.
A CazéTV monetiza partidas via conteúdos patrocinados e cortes de vídeos para redes como TikTok, Instagram e YouTube, alcançando engajamento da Geração Z. O apresentador Casimiro Miguel, ex-Youtube de reacts, exemplifica essa abordagem mais descompromissada e direta com o público, contrastando com os comentaristas clássicos da Globo.
O que é estranho na TV é bem-vindo no Youtube
Após o sucesso da Copa do Mundo do Catar, a CazéTV se destacou em eventos como Campeonato Carioca, Copa do Brasil, amistosos da Seleção e Jogos Olímpicos, alcançando 4 milhões de visualizações na final da ginástica artística, a maior live de esporte olímpico do mundo.
Apesar do crescimento digital, a Globo mantém liderança em TV aberta, TV fechada e pay-per-view, dominando direitos de transmissão do Brasileirão, Copa do Brasil e Libertadores. A CazéTV ganha espaço com transmissões de Brasileirão, Super Mundial de Clubes e jogos europeus no YouTube, conquistando público específico.
Especialistas apontam que o sucesso online depende da linguagem da internet, com reacts, transmissões dinâmicas e tom mais apaixonado, contrastando com a abordagem informativa da Globo. A liberdade do digital permite formatos mais divertidos e flexíveis, embora ainda haja ajustes para competir com o padrão da TV tradicional.
Habemus Sportertainment. De graça?
A Globo segue a tendência global de sportertainment, que une esporte e entretenimento, focando na espetacularização, conteúdos fragmentados, highlights e vídeos curtos conectados a redes sociais.
No momento, o maior beneficiado é o Google, com parcerias de publicidade online ainda pequenas comparadas à TV tradicional. Em 2024, a TV gerou US$ 9,6 bilhões às ligas dos EUA, enquanto o YouTube levou apenas US$ 28 milhões.
A NFL já fechou acordo bilionário com o YouTube (cerca de R$ 10,8 bilhões) para transmissões gratuitas de domingo, válido por sete anos. A NBA ofereceu transmissões via League Pass, mas migrou parte para Amazon Prime Video.
Plataformas como Prime Video, Disney+, Netflix e Globoplay reforçam o sportertainment, oferecendo séries e documentários exclusivos, mediante assinatura mensal. Como lembram especialistas, o consumidor paga com atenção: ou por assinatura, ou assistindo anúncios.
A busca pela atenção do público jovem
Especialistas destacam que o surgimento da GE TV e sua lógica digital é positivo para os fanáticos esportivos. No Campeonato Paulista 2025, a fragmentação de transmissões — TV aberta, fechada, YouTube e streamings — ofereceu mais flexibilidade para escolher plataforma, narrador e estilo.
José Colagrossi afirma que a entrada da Globo no YouTube torna o ecossistema esportivo mais complexo e interessante. Porém, Amir Somoggi alerta para a criação de uma cultura de consumo esportivo que não exige prática do esporte: jovens entre 18 e 24 anos acompanham menos o futebol.
O streaming cria ícones esportivos digitais, como Rômulo Mendonça da NBA, que tem mais seguidores que jogadores do país. Liana Bazanela acredita que unir entretenimento e esporte atrai a juventude com atenção fragmentada.
Martinho conclui que o objetivo é disputar atenção e transformá-la em dinheiro, definindo quem será vencedor nessa competição.
(Com informações da CNN Brasil)