O Liverpool não tem o mesmo poderio financeiro de Chelsea e Manchester City e é dono de jejum ainda maior que o Arsenal. Mas mostra a cada semana que é, sim, um grande candidato ao título do Campeonato Inglês. A vitória deste domingo ilustra bem o momento magnífico dos Reds. E deflagra uma crise sem fim no Manchester United, derrotado por 3 a 0 em pleno Old Trafford, pela 30ª rodada.
O capitão Steven Gerrard foi o grande nome do jogo. Distribuiu passes, desarmou, comandou os Reds ao marcar dois gols de pênalti. Poderia ter ainda feito o terceiro, mas carimbou a trave - ironicamente, na única falta inexistente das três marcadas pelo árbitro Mark Clattenburg. O uruguaio Luis Suárez completou o placar minutos depois de quase anotar um golaço de placa e chegou aos 25 no torneio.
O resultado devolve o time dos brasileiros Philippe Coutinho e Lucas Leiva à vice-liderança, com 62 pontos - o líder é o Chelsea, com 66 e um jogo a mais (30 a 29). Já a equipe do também brasileiro Rafael distanciou-se ainda mais da zona de classificação para a Liga dos Campeões. A diferença está na casa dos 11 pontos, e só o título da atual edição pode garantir os comandados de David Moyes na principal competição do continente em 2014/15.
Os Diabos Vermelhos, por sinal, jogarão pela sobrevida na Champions na próxima quarta-feira. Receberão o campeão grego Olympiacos no mesmo Old Trafford, às 16h45m (de Brasília), depois de perderem o jogo de ida por 2 a 0.
GERRARD COMANDA
A torcida do Liverpool se fazia presente no Old Trafford. Nos cantos e com uma faixa, deixava claro que o objetivo era manter vivo o sonho de conquistar sua primeira Premier League - o último título do Inglês veio apenas em 1989/90. Vencer o rival Manchester United, portanto, era obrigação. Papel cumprido no primeiro tempo.
Com Philippe Coutinho e Lucas Leiva no banco de reservas por opção de Brendan Rodgers, os Reds usufruíram de uma tarde inspirada de Steven Gerrard. O capitão ganhava divididas com a raça de um adolescente e ainda distribuía o jogo com a qualidade que lhe é pecular. Quando precisou converter também não decepcionou: converteu pênalti com categoria aos 35 minutos.
Até então pouco havia sido feito. Dono da maior posse de bola, o Manchester United aproveitou a não expulsão de Rafael por conta do segundo cartão amarelo ignorado por Mark Clattenburg no lance do pênalti - colocou a mão na bola - para crescer. Enfim criou chances, já nos minutos finais, com Van Persie e Rooney, e deixou a impressão de que faria melhor na etapa final.
PÊNALTI RELÂMPAGO
Pois todos os planos do United foram por água abaixo logo no primeiro minuto. Phil Jones errou na dose e deu um tranco forte em Allen na grande área. Pênalti que Gerrard cobrou novamente com categoria para ampliar.
Assimilar o choque custou preciosos minutos ao Manchester United. David Moyes demorou a mexer, mas os donos da casa chegaram a ameaçar a meta do rival em algumas oportunidades. Van Persie e Rooney acumularam bolas perdidas, finalizações tortas e se tornaram os vilões da tarde junto a Juan Mata e Fellaini, todos decepcionantes - o jovem Januzaj, de 18 anos, foi o único a se salvar.
VIROU GOLEADA
O Liverpool já caminhava para uma vitória tranquila, mas recebeu uma ajudinha de Clattenburg aos 32. Vidic deu carrinho na grande área, mas não acertou Sturridge, que se jogou. O árbitro expulso o zagueiro e deixou o United com dez. Por sorte, Gerrard cobrou o pênalti na trave e adiou a consumação da goleada.
Participativo, Luis Suárez precisou de duas chances, aos 37 e 39, para marcar. Na primeira, deu um lindo chapéu em Jones e viu De Gea fazer uma defesaça e impedir um gol de placa. Na sequência, um lance mais tranquilo: Sturridge errou o chute, e o uruguaio só teve o trabalho de colocar no canto e balançar as redes. A festa estava completa.