Galisteu relembra Ímola e revela sonhos de Ayrton: “Queria ser pai”

A última namorada foi Adriane Galisteu, que era uma jovem modelo na época do acidente que tirou a vida de Senna.

Adriane Galisteu no enterro de Ayrton Senna, em São Paulo | Mônica Zarattini / Agência Estado
Siga-nos no Seguir MeioNews no Google News

A Fórmula 1 era prioridade na vida de Ayrton Senna, mas o tricampeão também encontrou tempo para outras paixões. Sempre rodeado de belas mulheres, o brasileiro teve alguns relacionamentos badalados pela mídia, como o namoro com a apresentadora Xuxa. A última namorada foi Adriane Galisteu, que era uma jovem modelo na época do acidente que tirou a vida de Senna. Agora aos 41 anos, a loira revela a apreensão que marcou o fim de semana do GP de San Marino de 1994, onde o piloto acabaria perdendo a vida em um acidente na curva Tamburello, a 210 km/h.

- Ele me ligou. Ele não estava bem. Sua cabeça não estava bem. Rubens Barrichello, seu amigo, estava no hospital. Ele estava muito chateado com a morte de Roland Ratzenberger. Ayrton me disse: ?Estou muito triste?. Eu havia visto ele angustiado antes, mas nunca ouvido a voz dele como estava aquele dia. Me lembro de dizer a ele: ?Ayrton, não entra nesta corrida?. Quando tentei dizer a ele para não correr em Imola, ele me disse que amava sua profissão e que não poderia simplesmente desistir da corrida - conta Adriane, em entrevista ao jornal inglês "Daily Mail".

Naquele fim de semana, o circuito de Ímola presenciou uma espantosa sequência de acidentes, como o gravíssimo impacto de Rubinho durante os treinos livres da sexta-feira e a morte do austríaco Ratzenberger no classificatório do sábado. Senna estava preocupado com as condições de segurança da Fórmula 1, após a FIA banir diversos recursos eletrônicos que auxiliavam na pilotagem dos carros. Com dificuldades para controlar sua Williams, o brasileiro não escondia o temor diante de um cenário imprevisível. O grave acidente na Itália foi o desfecho que ninguém poderia imaginar.

- Eu vi o acidente e não achei nada. Na verdade, eu pensei: ?Bom, ele vai voltar mais cedo, ainda bem?. Mas aí eu vi que era mais sério do que eu imaginei a princípio. Eu fiquei em frente à TV e olhei o replay várias e várias vezes. Eu podia ver que o carro estava danificado, mas eu nunca imaginei que ele tinha morrido. Eu atendi o telefone e era a mulher do melhor amigo dele me dizendo que eu precisava ir para Ímola. Fomos em um jatinho de Lisboa. Eu entrei no avião pensando que ele ainda estava vivo. Machucado, mas não morto - relembra Adriane.

Após o batida contra o muro do circuito italiano, todo o planeta torceu por Senna de uma forma diferente. O piloto estava, então, enfrentando a maior batalha de sua vida. Infelizmente, sua legião de fãs precisou se acostumar com o encerramento prematuro de uma das carreiras mais brilhantes do esporte mundial. Como derradeira demonstração de carinho, uma multidão tomou conta das ruas de São Paulo para se despedir do piloto, morto aos 34 anos - a maior parte deles dedicada à paixão pela alta velocidade. Vinte anos depois, Adriane conta que precisou de muito tempo para se recuperar daquele doloroso adeus.

- Quando o avião estava prestes a decolar, o piloto disse que havia uma ligação da torre. Eu imaginei que era o Ayrton dizendo: ?Você não precisa vir, tudo está ok?. Era uma amiga: ?Adriane, você não precisa vir?. ?Uau, isso é bom?, eu disse, pensando que ele deveria estar melhorando. ?Não, ele morreu?. Meu mundo parou naquele momento. Na minha cabeça era impossível, ele só poderia morrer de velhice. Foi inacreditável que ele tenha morrido fazendo o que ele sabia fazer melhor na vida. Foi muito difícil para o Brasil, para o mundo todo, mas ainda mais para mim. Demorei muitos anos para recuperar minha vida, especialmente amorosamente. Eu fiquei o máximo que pude com seu corpo. Eu não fui para casa, eu não tomei banho. Eu fiquei com ele.

Galisteu e Senna se conheceram durante o GP do Brasil de 1993. Na época, ela era uma modelo que trabalhava em um camarote de Interlagos. O namoro enfrentou um pouco de resistência da família. Por causa da personalidade de Adriane, Senna experimentou uma relação diferente das que teve anteriormente. O casal chegou até a fazer um ensaio romântico para a revista ?Caras?, se expondo de uma maneira que o tricampeão nunca havia feito antes. Edição que foi às bancas dois dias antes do acidente fatal.

- Meu período com Ayrton foi uma grande história de amor. Ele era amado ao redor do mundo mais do que ele jamais soube. Sua memória nunca será apagada. Para mim, foi especial, mas agora eu sou casada e tenho filho. Isso quer dizer que não posso dizer que ele foi o amor da minha vida. Ayrton tinha três sonhos. O primeiro era encerrar a carreira na Ferrari, o segundo era conhecer a Disney World, e o terceiro era ser pai. Ele era mais do que um campeão. Ele tinha um coração enorme, um modo simples de viver e tinha sonhos simples. Em casa, ele era como criança. Ele era cheio de alegria - revela Adriane.

Semana #SennaSempre

Nesta semana em que completam-se 20 anos do adeus a Ayrton Senna, o GloboEsporte.com apresenta matérias especiais e entrevistas exclusivas em homenagem ao ídolo brasileiro, além de cobertura "in loco" do "Ayrton Senna Tribute 1994/2014?, evento de quatro dias que será realizado em Ímola em memória ao tricampeão. Fique ligado e confira tudo em nossa página especial ?Senna para Sempre?.

Veja Também
Tópicos
SEÇÕES