Nesta quarta-feira, o Vasco enfrenta um dia crucial na Justiça, com o julgamento de um recurso da 777 Carioca contra uma liminar que deu plenos poderes ao presidente do clube associativo, Pedrinho, sobre a SAF (Sociedade Anônima do Futebol). A decisão, proferida em 15 de maio de 2024 pelo juiz da 4ª Vara Empresarial do Rio, afastou os direitos políticos e sociais da 777, que detém 70% das ações da SAF, e transferiu o controle para o Vasco, que possui 30%.
Cenário atual e possíveis desfechos
A diretoria do Vasco confia que a liminar será mantida, permitindo que Pedrinho continue controlando a SAF e definindo os rumos da recuperação judicial do clube. Por outro lado, a 777 Carioca busca reverter a decisão para retomar sua participação na gestão e impor limites à administração do Vasco. Caso a liminar seja mantida, a venda da SAF para novos investidores pode ficar mais distante, já que não há propostas concretas em discussão atualmente.
Motivação e decisão da justiça
A decisão judicial de maio foi baseada no risco de a 777 Carioca não honrar o pagamento da 3ª parcela do aporte previsto no acordo de investimentos, que venceria em setembro de 2024. O juiz considerou as dificuldades financeiras enfrentadas pelo grupo investidor globalmente e, apesar de a 777 já ter aportado R$ 310 milhões na SAF, suspendeu seus direitos e obrigações, transferindo a gestão para o Vasco.
Em 23 de maio de 2024, o desembargador Cesar Cury, relator do caso na 20ª Câmara de Direito Privado do Tribunal do Rio de Janeiro, indeferiu um pedido de efeito suspensivo apresentado pela 777, mantendo a liminar em vigor. No entanto, em 25 de junho, o relator acolheu um pedido da 777 para limitar os poderes da gestão do Vasco na SAF, alegando preocupação com atos irreversíveis praticados pelos gestores indicados pelo clube.
Em 7 de fevereiro, a 777 Carioca notificou judicialmente o Vasco e a SAF, buscando resguardar seus direitos e alegando prejuízos causados pela liminar. A empresa argumentou que o Vasco vinha praticando atos irreversíveis, como negociações para venda da SAF e preparativos para um pedido de recuperação judicial, sem consultar a 777. Em 24 de junho, o Vasco e a SAF formalizaram o pedido de recuperação judicial, que foi deferido pela juíza da 4ª Vara Empresarial, apesar da oposição da 777.
Paralelamente ao processo judicial, o Vasco instaurou uma arbitragem contra a 777 Carioca na Câmara da FGV/RJ. No entanto, o procedimento está parado devido à renúncia de dois árbitros indicados pelo clube. O primeiro foi impugnado por suposta proximidade com os advogados do Vasco, e o segundo alegou questões pessoais. Enquanto a escolha dos árbitros não é definida, o Judiciário segue como principal arena para resolver o impasse.
O Vasco conta com uma ampla equipe de advogados, incluindo escritórios como Mudrovitsch Advogados, Salomão Advogados, FCDG Advogados e Faoro, Reis e Sztajnbok Advogados. Já a 777 Carioca, inicialmente defendida por Campos Mello Advogados e Sergio Bermudes, passou a ser representada pelo escritório Dickstein Advogados em janeiro deste ano.
Futuro do cruz maltino
O julgamento desta quarta-feira pode definir os rumos do Vasco nos próximos anos. Se a liminar for mantida, Pedrinho continuará à frente da SAF, buscando recuperar o clube financeiramente. Caso a 777 consiga reverter a decisão, a gestão da SAF pode ser reequilibrada, mas a revenda para novos investidores seguirá incerta. Enquanto isso, a torcida cruzmaltina aguarda ansiosa por uma solução que traga estabilidade ao clube.