Morreu nesta segunda-feira (21), aos 88 anos, o Papa Francisco, torcedor fervoroso do San Lorenzo e amante declarado do futebol. Jorge Mario Bergoglio, primeiro pontífice sul-americano da história da Igreja Católica, usava o esporte como ponte para o diálogo, a solidariedade e a paz entre os povos.
Bergoglio viveu o futebol como fé
Nascido em Buenos Aires, Francisco carregava o San Lorenzo no coração desde a infância. O vínculo com o clube foi herdado do pai, que jogou basquete na equipe e o levava aos estádios. Em 2008, Bergoglio celebrou a missa do centenário do clube e, como forma de reconhecimento, recebeu a carteirinha de sócio. Quando assumiu o papado, em 2013, virou quase um amuleto: naquele ano, o San Lorenzo venceu o Campeonato Argentino, e no ano seguinte, conquistou sua primeira Libertadores.
Mas nem tudo foram flores. Em 1998, ainda como arcebispo, Francisco tinha o hábito de benzer os jogadores antes dos jogos, mas foi gentilmente convidado a se retirar do vestiário pelo técnico Alfio Basile, que acreditava que a presença do religioso poderia dar azar ao time.
Entre Maradona, Messi e Pelé
Apaixonado pelo futebol argentino, o Papa sempre demonstrou carinho por ídolos nacionais, mas também foi sincero ao apontar Pelé como o maior de todos. Em 2023, ao ser perguntado se preferia Messi ou Maradona, respondeu de forma direta:
"Eu coloco um terceiro: Pelé. Maradona foi um grande como jogador, mas como homem, falhou. Messi é corretíssimo, um senhor. Mas, para mim, o grande senhor é Pelé", afirmou.
O papa contou ainda que chegou a conversar com Pelé em um voo para Buenos Aires e se encantou com a humildade do brasileiro: “É um homem de uma humanidade muito grande”.
Francisco também lamentou os excessos na vida de Maradona, afirmando que o craque argentino foi vítima dos que o bajulavam sem oferecer ajuda real. “É curioso como tantos esportistas acabam mal”, comentou, comparando com histórias trágicas de outros atletas, como no boxe.
Papa Francisco em encontro com Maradona — Foto: Getty Images
Futebol como ponte de valores
Durante seu pontificado, o papa argentino acolheu jogadores, recebeu camisas de seleções e clubes do mundo todo e até apoiou a criação do primeiro time feminino do Vaticano, em 2019. A seleção argentina também manteve uma tradição de visitar o Vaticano antes das Copas desde 2014.
Para Francisco, o futebol sempre foi mais que um jogo. Era um instrumento de inclusão, superação e paz. Em suas palavras, o esporte é capaz de “transformar vidas e inspirar os jovens a seguirem o bem”.
Sua paixão pelo San Lorenzo, pelos craques que viu brilhar e pela essência do futebol simples e humano ficará marcada como parte do legado do papa que soube unir fé, bola e coração.