A presidente do Flamengo, Patrícia Amorim, disse que pretende demitir o goleiro Bruno, preso como suspeito do assassinato de Eliza Samudio, e processá-lo por danos à imagem do clube, em entrevista à TV Globo. A gota d"água teria sido um comunicado da patrocinadora Batavo, afirmando que não gostaria que a marca fosse estampada nos uniformes de jogadores comentando o caso.
A decisão da demissão por justa causa foi previamente analisada por uma comissão formada pelo clube, com conselheiros que atuam no meio jurídico: Mário Pucheu, advogado; Theophilo Miguel, juiz federal; os desembargadores Marcus Faver, Siro Darlan e Walter D"Agostino; e os desembargadores do trabalho Marcelo Antero e José da Fonseca Martins Júnior. A comissão concluiu que há fundamento para a demissão mesmo se o goleiro vier a ser inocentado, em função do desgaste já causado pelo caso.
"O encaminhamento da última reunião foi pela demissão, mas não tomamos nenhuma atitude ainda pois não recebi nada assinado. O clube ainda pode processar por perdas e danos", disse Patrícia.
A dirigente contou como foi a conversa com o goleiro, logo que o nome de Bruno foi ligado ao desaparecimento de Eliza, na qual comunicou a decisão de suspender o seu contrato enquanto durassem as investigações. Na ocasião ele foi afastado do grupo e cortado da viagem para Itu.
"Ele me olhou no olho. Naquele momento não estava abatido, não tinha nenhum tipo de situação conflitante em que você poderia notar tristeza. Nós estávamos curiosos, mas não perguntamos nada. Ele disse que era inocente, disse que gostava do Flamengo, não queria prejudicar a imagem do clube, e aceitou", disse.
Segundo Patrícia, Bruno ainda queria conversar com o grupo de jogadores no vestiário, mas acabou sendo impedido pelo supervisor Isaías Tinoco.
"Eu levantei, fiquei olhando a foto do Centro de Treinamento. Não conseguia conviver com aquela situação. Ele ainda queria conversar com os jogadores no vestiário, mas o Isaías disse que não seria bom. Ele estava muito tranquilo, muito tranquilo. Olhava no olho. Aquela tranquilidade me assustou, porque nenhum de nós estava tranquilo. Foi difícil, complicado. Depois ele saiu pela quadra, e eu vi na internet que ele disse que ainda iria rir da situação. A gente não estava rindo", completou.
Depois do caso Bruno, a diretoria decidiu incluir em todos os novos contratos de jogadores a seguinte cláusula:
"O atleta se obriga expressamente em honrar a imagem e o bom nome do CRF e de seus patrocinadores, mantendo conduta ilibada dentro e fora de campo, observando as regras de boa conduta e imagem pública que lhe são pertinentes, sob pena de rescisão imediata do contrato, sem qualquer ônus para o CRF.
§1º - A inobservância do disposto nesta cláusula acarretará sanções legais ao atleta e quem mais tiver dado causa à violação, respondendo administrativa, civil e criminalmente, inclusive por danos morais, materiais e à imagem, sem prejuízo de outras medidas judiciais cabíveis".