A agonia durou nove longos anos e não terminou sem mais um pouco de sufoco para o Arsenal. Após estarem perdendo por 2 a 0, os Gunners reagiram e derrotaram o Hull City por 3 a 2, de virada, na prorrogação, conquistando a Copa da Inglaterra e encerrando um jejum de títulos que durava desde 2005. Ramsey foi o autor do gol que garantiu a taça à equipe de Arsène Wenger.
A última vez que o Arsenal havia faturado um título havia sido justamente na Copa da Inglaterra, em 2005, contra o Manchester United. Desde então, perdeu uma Copa da Liga para o Birmingham em 2011 e pouco conseguiu competir no Campeonato Inglês. Ao Hull City, sobra a consolação de uma vaga na Liga Europa. Nos Gunners, o triunfo alivia a pressão sobre o técnico Arsène Wenger, bastante questionado durante a temporada.
A pressão, aliás, apareceu desde o primeiro minuto em Wembley. Favorito, o Arsenal entrou bastante nervoso em campo e foi surpreendido por um Hull consciente, tocando a bola e indo à frente. Não à toa, bastaram três minutos para os Tigres abrirem o placar. Chester aproveitou chute errado de Huddlestone depois de cobrança de escanteio e, meio que no reflexo, meio que de oportunismo, completou de primeira para as redes.
Confuso, o time mal teve tempo para reagir. O peso da pressão em cima dos Gunners era tão grande que pareceu ter impedido os jogadores de pularem quando Quinn levantou a bola na área e Bruce cabeceou para a defesa de Fabianski. Com os zagueiros olhando, Davies não perdoou no rebote e ampliou a vantagem dos Tigres. Havia apenas oito minutos de jogo.
A situação dos Gunners poderia ficar pior, não fosse Cazorla. Aos 17 minutos, numa cobrança de falta, o espanhol bateu forte e contou com ligeira colaboração do goleiro McGregor para diminuir a partida e mudar o panorama da partida. O Arsenal, até aquele momento desnorteado, estava de volta à partida.
Atento, o Hull tratou de recuar e se concentrou em evitar as investidas do rival. Não teve muito trabalho. Mesmo com mais posse de bola, o Arsenal pouco fez para chegar ao empate. Giroud levou a pior contra os zagueiros, enquanto Podolski e Özil, sumidos, não incomodaram.
O recuo do Hull, porém, foi fatal. O espaço dado ao Arsenal permitiu aos Gunners se organizarem, recuperando a tranquilidade para o segundo tempo. Como consequência, a equipe de Arsène Wenger assumiu de vez o controle da partida.
Entretanto, ainda faltava criatividade. Em vez de corrigir o problema, Wenger optou por um plano alternativo: aumentou a força ofensiva da equipe com a entrada de Sanogo no lugar de Podolski. A alteração, embora pouco comum, deu resultado, graças ao esforço do atacante francês.
Mesmo sem muita técnica, Sanogo mudou o jogo por causa de sua entrega. Com mais um centroavante na área para incomodar, o Hull perdeu a organização defensiva e começou a ter problemas para segurar os Gunners, que aumentaram a pressão. Aos 25 minutos, numa jogada de bola parada, veio o empate. Após cobrança de escanteio, a bola sobrou para Koscielny na pequena área. O francês girou rápido, bateu para o gol e deixou tudo igual.
A partir daí, saiu o peso da pressão nos jogadores do Arsenal para entrar o peso do cansaço nos atletas do Hull. Os Tigres renunciaram de vez ao ataque, pouco ameaçaram e se limitaram a travar as investidas dos Gunners. A prorrogação soou como alívio, mas, na verdade, apenas prolongou o martírio.
Muito melhor fisicamente, o Arsenal seguiu em cima do Hull. Sanogo, com sua correria, infernizava a defesa rival, mas ainda pecava na finalização. Os Tigres, por sua vez, se arrastavam em campo e mal conseguiam acompanhar o adversário. As chances de gol se empilhavam: Ramsey chutava de fora da área, Giroud arrisca de dentro, Cazorla aparecia de surpresa...
Depois de tanta insistência, veio, enfim, o gol. Aos três minutos do segundo tempo da prorrogação, Após mais uma tabela na área, Giroud tocou de calcanhar para Ramsey, que chutou bonito, no canto esquerdo, sem chance para McGregor. Era o fim do sofrimento e o início da festa para os Gunners.