Depois de 15 anos no futebol europeu, onde disputou os principais torneios do continente, como a Champions e a Liga Europa, Filipe Luís agora terá a chance de jogar sua primeira Libertadores. Inscrito pelo Flamengo nas quartas de final da competição, o lateral-esquerdo estará no Maracanã nesta quarta-feira, às 21h30 (de Brasília), para enfrentar o Internacional no jogo de ida. Partida que vai marcar um reencontro com um velho rival tanto da torcida rubro-negra quanto dele.
Ex-Flamengo, Guerrero foi adversário de Filipe Luís cinco vezes pelo Peru contra a seleção Brasileira, nas Copas América de 2015, 2016 e 2019, além das eliminatórias para a Copa do Mundo de 2018. O lateral leva a melhor no duelo, com quatro vitórias e só uma derrota, sendo que em nenhuma dessas partidas que jogou o peruano fez gol. Em entrevista coletiva na manhã desta terça-feira no Ninho do Urubu, o lateral foi questionado sobre como parar o atacante.
– Ele é um jogador diferente, que faz a diferença no ataque. Tem muita força, segura bem a bola, chega na área e não fica nervoso, sabe escolher o último passe. Sem dúvida é um jogador mais perigoso, importante não deixar ele entrar em jogo. Quanto menos ele tocar na bola, melhor. Ter sempre vigilância em cima dele, estar perto para não deixá-lo virar, ficar bem atento. Talvez gastar dois jogadores com ele vai ser importante para não ter chance de gol. Com o Peru, ele costuma ter chance e aproveitar – aconselhou o lateral, que se mostra ansioso para estrear na Libertadores:
PODERIO OFENSIVO DO FLA
– Temos um ataque espetacular. Flamengo ganhou isso nos últimos anos, olha para o ataque titular com Bruno Henrique, Arrascaeta e Gabigol, no segundo tempo entra o Everton, que é mais titular que todo mundo aí. No outro jogo entrou o Berrío. Quando tem gente desse nível no banco, é quando você está formando grupo campeão.
– Mesmo que não coloque todos os titulares, tem muitos recursos no banco. Hoje Flamengo está com plantel completo. Estou vendo que eles estão decidindo bem na área, estão com calma para finalizar, escolher a última jogada... Isso é importante, ser frio lá na frente, temos muitos jogadores assim. Concorrência é importantíssima, que treinador tenha muita dor de cabeça lá na frente.
FAVORITISMO?
– Pelo nome, camisa, todos podem pensar que sim, mas nós dentro do vestiário sabemos que não vai ser assim, vai ser um jogo super complicado. o Inter tem um dos melhores time do Brasil, senão da América. Estão acostumados a jogar esse tipo de jogo. Nunca vamos pensar em favoritismo pelos números, o poderio deles é muito forte. Temos que estar melhores do que nunca para poder passar das quartas de final.
PREOCUPAÇÃO DE NÃO SOFRER GOL
– Levar gol é ruim, principalmente jogando em casa no primeiro jogo. Mas não temos que pensar nisso, temos que ser sólidos, principalmente atacando. O Inter defende junto, tem bom contra-ataque, o Guererro é espetacular, faz diferença. Quando estivermos atacando temos que estar bem posicionados para não tomar contra-ataque. Com essa solidez, vigilância para marcar, vamos fazer um jogo sólido e, tomara Deus, que a gente consiga um grande resultado.
BOLA AÉREA DO INTER
– Bola aérea com certeza preocupa. É uma coisa que a gente trabalha muito, temos que melhorar, conversando muito sobre bola parada defensiva e ofensiva. A do Inter realmente é muito forte, mas estamos nos preparando e tenho certeza que vamos conseguir.
BOA LEMBRANÇA CONTRA O INTER?
– Enfrentei o Inter com o Figueirense, ganhamos por 1 a 0 no primeiro jogo do Brasileiro de 2004. Lembro que eles ainda tinham o Nilmar. Tenho boas lembranças pois saí com o time na liderança, mas são outros tempos, outros momentos.
JESUS E A FRASE "CORRER ERRADO"
– Quando ele fala isso é que o time não está taticamente na forma que ele quer. Faz com que linhas não estejam compactas e o time acabe correndo mais. Ele fala muito isso, de time compacto, fechado, correr menos mas correr certo. Quando você não está bem taticamente acaba correndo mais do que deve, dá uma falsa sensação de que o problema é físico, mas não é assim. Ele tenta corrigir isso nos treinamentos.
ESTILO DIFERENTE DO ATLÉTICO DE MADRID:
– No Atlético realmente a gente primeiro defendia para depois atacar, mas em função do adversário. Em uma eliminatória de quartas é fundamental o primeiro jogo, vai definir como vai ser a volta, tudo. A gente espera o Inter fechado, como vem jogado, mas com contra-ataque forte, com esse poderio ofensivo. Não sabemos quem jogará, mas é um time perigoso. Temos que propor o jogo, criar, ficar atentos. Estamos conversando para não cometer erros e dar chances aos Inter.
IMPRESSÃO DO FUTEBOL BRASILEIRO
– A intensidade aumenta, a concentração, o jogo é sem dúvida muito mais corrido, até pelo horário, de noite. No futebol brasileiro jogador está adaptado aos tipos de gramados diferentes aqui, todo mundo consegue sair com a bola quicando. Mas me surpreendeu positivamente o nível de competitividade muito alto. Como o Juanfran falou, é um futebol mais pegado, até pelo tipo da grama, que segura um pouco mais, fica mais gente perto da bola. E acaba sendo mais intenso.
Lateral tem evoluído fisicamente após três jogos no Flamengo — Foto: Alexandre Vidal/Flamengo Lateral tem evoluído fisicamente após três jogos no Flamengo — Foto: Alexandre Vidal/Flamengo
Lateral tem evoluído fisicamente após três jogos no Flamengo — Foto: Alexandre Vidal/Flamengo
EVOLUÇÃO FÍSICA
– Desde primeiro jogo me senti muito bem. Consegui adaptar rápido ao sistema do Jorge, me sinto bem ao lado do Arrascaeta. Depois de um mês parado não é o ideal, mas cada jogo vou soltando mais. Conforme a confiança vai vindo, o entrosamento vai melhorando.
ESTÁDIOS LOTADOS
– Deveríamos tentar aqui no futebol brasileiro que estádios cheios não fossem motivo de surpresa. Na Europa são todos lotados. Mas a torcida do Flamengo é diferente. No jogo do Grêmio vi todo mundo em pé, todo mundo comemora, canta.
– O Atlético (de Madrid) também tem uma torcida intensa, mas aqui é diferente, mexe com o jogador. Onde você vai vê milhares com camisa do Flamengo. A gente sente esse carinho, é motivo de orgulho ser jogador do Flamengo. E a gente sente essa responsabilidade a cada jogo.
EMPOLGAÇÃO DA TORCIDA
– Importante é não deixar emoções te afetarem, que isso não mude sua forma de jogar. Sou profissional, sei o que tenho que fazer. Quando acaba o jogo, se ganhar comemoramos com torcida, senão ela tem direito de reclamar. Não deixo emoção influenciar.