A Fifa negou pedido da Justiça da Espanha, que queria ter acesso aos documentos de registro do contrato entre Neymar e Barcelona. As autoridades espanholas investigam suspeitas de desvios no acerto entre o clube catalão e o jogador brasileiro. A entidade máxima do futebol afirmou que para ter acesso a informações sigilosas do acordo é preciso fazer uma solicitação as cortes internacionais.
O Barça pagou 17,1 milhões de euros ao Santos pelos direitos econômicos do jogador. Outros valores, porém, foram pagos e confirmados pelo clube catalão. O pai do atleta, por exemplo, recebeu 40 milhões de euros (R$ 130 milhões) no negócio, que atingiu a cifra de 86 milhões de euros (R$ 280 milhões).
A Fifa confirmou ao UOL Esporte que recebeu o pedido da justiça da Espanha. Os documentos, porém, não foram enviados.
"A Fifa confirma que a Justiça da Espanha contatou a Fifa através da Real Federación Española de Fútbol (RFEF) solicitando informações sobre a transferência de Neymar Da Silva Santos Junior para o Barcelona. Na sua resposta, a Fifa informou a RFEF que qualquer solicitação de informação confidencial deve ser feito através de cortes internacionais", informou um porta-voz da entidade.
O UOL Esporte apurou que a Fifa negou o pedido para não abrir precedente para que clubes, federações e tribunais dos países de filiados queiram ter acesso a contratos sigilosos de transferência de atletas registrados na entidade.
Ao abrir a investigação sobre o caso Neymar, a Audiência Nacional da Espanha, Tribunal de Justiça do país, solicitou também documentos do contrato assinado entre Neymar e a empresa N&N, que tem os pais do jogador como sócios, e dos acordos firmados entre Santos e Barcelona, além do contrato entre o jogador e clube brasileiro.
Segundo a assessoria da Audiência Nacional, os pedidos dos contratos para Neymar pai e Santos foram repassados ao Ministério da Justiça da Espanha, que irá enviar carta rogatória às autoridades brasileiras para que os documentos sejam mandados para a Europa.
Caso Neymar
Revelado pelo Santos, Neymar trocou o clube da Vila Belmiro pelo Barcelona no meio de 2013. A negociação movimentou um total de 86,2 milhões de euros (cerca de R$ 286 milhões), segundo o time catalão, e a divisão desse montante é o cerne de toda a polêmica.
Após o clube catalão divulgar os valores, depois da queda de Sandro Rosell, o pai de Neymar admitiu ter recebido 40 milhões de euros pela negociação. Inicialmente, o Santos dizia que o time espanhol havia desembolsado apenas 17 milhões de euros para contratar o atacante.
Além do valor, há uma questão sobre a data do pagamento. Barcelona e a N&N, empresa criada pelo pai de Neymar para cuidar da carreira do jogador, acertaram ainda em 2011. O progenitor do atacante chamou o valor de um adiantamento e disse que isso fez parte da estratégia de negociação, mas existe uma dúvida no Santos. Em dezembro daquele ano, o time da Vila Belmiro enfrentou os catalães na decisão do Mundial da Fifa.
Essa discussão sobre valores, comissões e datas tem uma série de interessados. O Ministério Público decidiu investigar o caso, por exemplo, para saber se houve fraude fiscal na movimentação do dinheiro. A DIS, dona de 40% dos direitos de Neymar, também alega ter sido enganada na transação.