A Fifa divulgou nesta quarta-feira um documento que confirma que o ex-presidente da entidade, o brasileiro João Havelange, e o ex-dirigente da CBF, Ricardo Teixeira, receberam uma soma equivalente a milhões de reais em propinas.
De acordo com o documento, entre 1992 e 1997, Teixeira recebeu pelo menos 12,74 milhões de francos suíços (equivalentes a R$ 26 milhões, nos valores de conversão atual) da empresa de marketing esportivo ISL (International Sports and Leisure), que pediu falência em 2001.
O documento mostra que Havelange recebeu 1,5 milhões de francos suíços (R$ 3,1 milhões) em 1997.
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Pagamentos feitos entre 1992 e 2000 e atribuídos a contas relacionadas aos dois totalizam quase 22 milhões de francos suíços (R$ 45 milhões).
A Fifa divulgou os documentos horas depois de a Suprema Corte Suíça ter decidido que a imprensa deveria receber detalhes do caso.
Teixeira e Havelange foram os dois únicos ex-dirigentes da entidade cujas identidades foram reveladas.
Em nota divulgada também nesta quarta-feira, a Fifa expressa "satisfação" com a decisão da Justiça suíça e diz que ela está de acordo com o processo de reformas iniciado pela instituição no ano passado, para torná-la mais transparente.
Demissão
Em março, Teixeira deixou o Comitê Executivo da Fifa e as presidências da CBF e do Comitê Organizador Local (COL) da Copa de 2014 "em caráter irrevogável".
A gestão de Teixeira na CBF foi marcada por denúncias de irregularidades.
Clique Leia mais sobre as denúncias contra Ricardo Teixeira.
Em 2010, uma reportagem do programa de televisão Panorama, da BBC, revelou que a Fifa impedia a divulgação de um documento que revelaria a identidade de dois dirigentes da entidade forçados a devolver dinheiro de propinas em um acordo para encerrar uma investigação criminal na Suíça, em 2010.
Segundo o programa, um dos dirigentes era Teixeira e o outro, Havelange, informações confirmadas na divulgação desta quarta-feira.
O acordo encerrou uma investigação sobre propinas pagas a altos dirigentes da Fifa na década de 1990 pela ISL.
Até a falência em 2001 a ISL comercializava os direitos de televisão e os anúncios publicitários da Copa do Mundo para anunciantes e patrocinadores.
Em 27 de dezembro de 2011, a Justiça suíça ordenou que a Fifa abrisse em até 30 dias os documentos do caso ISL, o que não ocorreu. Também em 2011, a Polícia Federal brasileira abriu investigação sobre a denúncia.