Quase uma semana após a cirurgia para retirar um tumor na tireoide, o meia Everton Ribeiro, do Bahia, quebrou o silêncio sobre o momento mais delicado da carreira. Em entrevista ao Fantástico, exibida no domingo (12), o jogador contou como reagiu ao ouvir o diagnóstico que mudou sua rotina e abalou suas emoções.
“Foi assustador, né? No começo, eu nem falava essa palavra… câncer. Para mim, é muito forte. A gente sabe que muitas pessoas sofrem, acabam perdendo a vida. Então, quando recebi o diagnóstico, foi um baque”, desabafou o atleta, visivelmente emocionado.
Ele contou que preferiu se isolar no primeiro momento. “Fui pro quarto e acabei chorando sozinho. Depois liguei pra minha esposa pra conversar com ela. A partir daí, fomos buscar informações, entender os procedimentos. Mas até chegar a esse ponto foi um caminho longo”, recordou.
“Queria chorar”
A notícia veio em meio à preparação para um dos jogos mais importantes do ano — a final da Copa do Nordeste, no dia 3 de setembro, entre Bahia e Confiança. Mesmo abalado, o meia decidiu viajar com o elenco.
“Me deixaram à vontade pra decidir se eu queria viajar ou não. Eu não queria viajar, queria chorar onde tinha que chorar. Mas conversei com a Marília (minha esposa), com os médicos, e avisei que ia. De um dia pro outro não ia mudar nada”, relatou.
Enquanto o jogador tentava manter a rotina, Marília Nery, sua esposa, assumiu o comando da situação. “Ela foi atrás dos nossos amigos médicos, começou a resolver tudo. Eles nos tranquilizaram. Mas até chegar a eles, a Marília foi essencial. Soube me ajudar no momento mais difícil”, reconheceu.
A descoberta da doença
O alerta surgiu durante um exame de rotina no departamento médico do Bahia. Os resultados mostraram alterações hormonais que chamaram a atenção dos profissionais do clube.
Segundo Natália Bittencourt, diretora de performance e saúde do Bahia, o diagnóstico só foi possível graças ao monitoramento constante dos atletas. “O Everton faz exames semestrais, como todos. No meio do ano, notamos alterações e, a partir daí, foi feito todo o acompanhamento até a descoberta do tumor”, explicou.
O apoio da esposa
Companheiros há quase 19 anos, Everton e Marília enfrentaram o susto juntos — mas longe dos holofotes. O casal optou por manter o diagnóstico em sigilo, contando apenas para familiares e amigos próximos.
Marília relembrou o momento da ligação que mudou tudo: “Ele ligou e começou dizendo que o resultado tinha chegado. Eu esperava ouvir: ‘Tá tudo bem’. Mas ele disse: ‘Linda, infelizmente, é maligno’. A gente não tem histórico na família. Então, estávamos completamente no escuro”.
A reação dela foi imediata: “Assim que desliguei o telefone, falei: ‘Eu tenho que resolver isso’. À noite, já estávamos em consulta com um dos melhores médicos do Brasil. Ele é uma pessoa mais fechada, e foi um momento de muita fragilidade pra nós. Não foi fácil, mas aumentou nossa parceria. Hoje, a gente pode dizer que vencemos”, concluiu.