Um escândalo de corrupção envolvendo compra ilegal de vagas em universidades norte-americanas revelado esta semana chocou o mundo. Ao todo, mais de 40 pessoas foram acusadas de fraudar o sistema de ingresso universitário (para atletas) nos Estados Unidos. Segundo informações da editora britânica BBC, nomes como o da atriz Felicity Huffman estão entre os citados pelos registros judiciais. Consagrado como técnico do polo aquático no país, Jovan Vavic é acusado, segundo informações do site "Slate", de ser um dos chefes do crime. As escolas de elite Yale, Stanford e Georgetown estavam entre as universidades de destino.
Como funcionava
Pessoas de alto poder aquisitivo compravam vagas, que em tese deveriam ser direcionadas a atletas em potencial. Técnicos corruptos ajudavam os alunos a trapacear os exames de admissão, aprovando-os mesmo sem capacidades esportivas para ocuparem vagas e bolsas de atletas.
O perfil dos compradores, segundo relatam as investigações, era: pais, ricos, com nomes de prestígio na sociedade americana e/ou CEOs em grandes empresas.
- Esses pais são um catálogo de riqueza e privilégio - disse o procurador Andrew Lelling em uma coletiva de imprensa sobre a investigação conhecida como Operação Varsity Blues.
Também segundo dados da investigação, em alguns casos, vagas eram vendidas a cerca de 250 mil dólares. A atriz Lori Loughlin e o marido, o estilista Mossimo Giannulli, são acusados de pagar 500 mil dólares em subornos pelas vagas das duas filhas na equipe de remo da Universidade do Sul da Califórnia (USC). Ambas estudam atualmente na USC.
Jovan Vavic na linha de frente
Dono de 16 títulos nacionais como treinador principal das equipes feminina e masculina na USC, Jovan Vavic é considerado um dos homens da linha de frente do escândalo conhecido como "Varsiy Blues". Com histórico vitorioso, ele era respeitado no posto que ocupava, com autonomia para definir os rumos das equipes dos dois gêneros. Uma das testemunhas ouvidas na investigação afirma que ele garantia filhos de magnatas com relatórios falsos, como no perfil atlético inventado abaixo.
- Seria o jogador mais rápido da nossa equipe, ele nadaria 50 (jardas) em 20 (segundos), meus jogadores mais rápidos estão em torno de 22 (segundos). Esse garoto pode voar - dizia em um dos arquivos investigados.
Com a divulgação do escândalo, Vavic foi demitido do cargo de técnico da universidade, deixando equipe feminina invicta na temporada. A USC também desligou a diretora sênior de atletismo Donna Heinel - outra acusada no caso.
Além de Vavic, promotores federais em Boston acusam William Singer de administrar o suposto esquema por meio de sua empresa Edge College e Career Network. O empresário de 58 anos se confessou culpado no tribunal federal por acusações de extorsão, lavagem de dinheiro e obstrução da justiça. Entre as possíveis punições, ele pode receber no máximo 65 anos de prisão e mais de um milhão de dólares em multas.
- Eu sou responsável. Eu coloquei todas as pessoas no lugar - ele disse ao tribunal, segundo informações do site de notícias local Mass Live.
De acordo com o Departamento Federal de Investigação dos Estados Unidos, o FBI, outros treinadores em várias instituições também estavam envolvidos no esquema - recomendando os candidatos fraudulentos internamente e embolsando subornos em troca. O treinador de futebol feminino da Universidade de Yale, por exemplo, teria recebido 1,2 milhões de dólares para aceitar um estudante que nem sequer praticava o esporte.
Caso Huffman
Os pais dos alunos sem talentos esportivos são considerados também vilões do escândalo. É o caso da atriz Felicity Huffman e do marido, o também artista William H Macy. De acordo com os documentos de cobrança, Huffman fez uma "contribuição de caridade" de 15 mil dólares para participar do esquema em favor de sua filha mais velha. Ela supostamente usaria o esquema uma segunda vez,
para sua filha mais nova, mas acabou desistindo.
Huffman compareceu a um tribunal de Los Angeles na ultima terça-feira e foi liberada sob fiança de 250 mil dólares. Ainda assim, o juiz ordenou que a atriz não viaje para fora dos Estados Unidos. Segundo dados da investigação, em alguns casos os filhos não sabiam do suborno e da vaga ilegal comprada pelos pais.