Estádio da Copa do Catar tem quartos de hotel em meio às arquibancadas

Estádio chama a atenção com design que remete à cultura local por dentro e por fora e ainda tem habitações de luxo.

| Jorge Natan
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Uma gigante tenda árabe, com capacidade para abrigar 60 mil pessoas vindas de todo canto do mundo. O que, para muitos, pode aparentar ser um projeto fora da realidade já está praticamente concretizado em meio às areias do Catar, sede da próxima Copa do Mundo. Em mais uma de suas extravagantes realizações, o governo do país e o Comitê Organizador do Mundial construíram um estádio que representa exatamente esse tipo de habitação. As informações são do Globo Esporte.

Crédito: Divulgação/Comitê Copa do Mundo

O Estádio Al Bayt, segundo maior da Copa do Mundo e que receberá uma das semifinais da competição, é o único dos oito palcos do torneio que fica fora de Doha e sua região metropolitana - e não pode ser acessado de metrô. Ele está localizado na cidade de Al Khor, a cerca de 60 quilômetros da capital do país, já no caminho para a Arábia Saudita. Após uma viagem de cerca de 30 minutos pelas vastas e novas estradas cataris, logo se avista uma construção que chama a atenção por seu design, praticamente com a obra pronta, com previsão para inauguração ainda neste ano.

A inspiração é nas "Bayt Al Sha'ar", nome dado às tendas que os povos nômades do deserto armavam nos locais onde decidiam passar algum tempo em meio às areias. Em vez de pano e armações com madeira, as estruturas têm vigas e um material de PVC, que, à distância, lembra um tecido. Este revestimento é chamado pelos engenheiros responsáveis pelo projeto de "membrana externa", que conta com mais de 194 mil metros do plástico.

Crédito: Divulgação/Comitê Copa do Mundo

Segundo Nasser Al Hajeri, diretor de projeto do estádio, o Al Bayt é a maior construção do mundo a empregar este tipo de material em tão grande quantidade.

- Como você vê, esse design reflete a cultura do país e como as pessoas costumavam viver. Era um grande desafio fazer algo desse tamanho, tão grande, para fazer um estádio. É um um estádio único. Tínhamos que construir algo como uma tenda, e a membrana de fora tinha que ser parecida com o formato daquelas que são feitas com a mão. Tínhamos que ter um material flexível, e achamos o melhor para resistir ao sol, poeira, calor, umidade - explica.

Crédito: Divulgação/Comitê Copa do Mundo

Esta "membrana" também ajuda a manter o calor do lado de fora do estádio, que, assim como outros seis estádios da Copa do Mundo, tem sistema de refrigeração que conta com saídas de ar no gramado e abaixo dos assentos, além de uma cobertura retrátil, que não destoa do design inovador. Ao redor da construção ainda há parques e até um lago artificial - além de pequenas coberturas de tenda no caminho - para amenizar o calor da região, que estará no inverno durante o Mundial de 2022.

O clima de hospitalidade é ajudado por elementos como cabos de aço, que substituem as cordas usadas para montar as tendas originais e grandes "agulhas" como postes de luz no caminho para o local. Até mesmo uma enorme fogueira artificial terá lugar de destaque em uma das principais entradas do estádio - remetendo aos acampamentos nômades.

A imitação de uma tenda também está presente na parte de dentro do estádio, que tem uma membrana interna imitando tecido, misturando vermelho e preto com detalhes estampados, elementos que muitas vezes decoram os interiores de moradias do mundo árabe. Os assentos também harmonizam com estas cores e deixam o clima aconchegante - dentro exatamente daquilo que é desejado pelos organizadores.

Crédito: Divulgação/Comitê Copa do Mundo

Nos corredores, aparece o luxo do Catar atual. Colunas revestidas de mármore e lustres de cristal dividem espaço com tapetes e outras peças de decoração tradicionais do mundo árabe. O que faz o diretor do projeto se animar ao dizer que trata-se do estádio mais bonito da próxima Copa do Mundo.

Crédito: Jorge Natan

- Tenho certeza. É bonito! Todo mundo que vem diz que é o estádio mais bonito que já viu, que é diferente dos outros. Por dentro é bonito, e por fora também é único, pois as pessoas vêm e têm um grande parque ao lado, com todas as facilidades, com pistas de camelo, cavalo, ciclismo, academia, playground para as crianças - afirmou Nasser Al Hajeri.

Crédito: Reuters

Quartos de hotel cinco estrelas

Cada estádio da Copa do Mundo no Catar tem algum conceito que envolve todo o projeto: design, material utilizado e legado. No caso do Al Bayt, a palavra-chave é hospitalidade. A enorme tenda vista de longe, com interior confortável, é apenas um símbolo deste conceito, que se faz presente explicitamente em outra característica-chave do local: a existência de 96 quartos de hotel cinco estrelas em meio às arquibancadas.

Crédito: Jorge Natan

Os espaços, que ficam localizados lado a lado ao redor do gramado, não são muito grandes, mas contam com tudo aquilo que um hóspede precisa: um banheiro, uma pequena cozinha, um espaço de escritório, além da cama. Mas a maior atração está na "varanda": basta abrir a porta para estar em meio às arquibancadas, com vista privilegiada para o gramado.

Durante a Copa do Mundo, os espaços não poderão ser utilizados como quartos de hotel, com pessoas ficando hospedadas ali por um período. Enquanto o estádio estiver sob responsabilidade da Fifa, os quartos serão espaços VIP/camarotes - que a organização chama de Skybox. Mas antes e depois da competição os fãs de futebol poderão concretizar o desejo de ficar hospedado em um estádio, assim como acontece na casa do Bayern de Munique, por exemplo.

Depois da Copa do Mundo, o Al Bayt terá sua capacidade reduzida pela metade, para cerca de 32 mil pessoas, com o segundo andar de arquibancadas sendo desmontado e dando lugar a outras estruturas. A arena seguirá sendo usada para a prática do futebol, devendo ser a nova casa do Al Khor, clube da cidade, mas também poderá ser aproveitada de outras formas pela comunidade, uma vez que será um complexo com restaurantes, cinemas e até mesmo um hospital. Os assentos retirados, por sua vez, serão doados para países em desenvolvimento, segundo a organização.

Crédito: Jorge Natan

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