Entrando numa fria: Como a crioterapia é aliada de jogadores e seus riscos

Cristiano Ronaldo, Hulk e Sérgio Ramos são alguns jogadores que aderiram a crioterapia, amplamente utilizada por grandes clubes

Atletas do CSA e CRB, fazem uso da crioterapia para acelerar recuperação | Reprodução/Instagram

Quem já ouviu falar em crioterapia? Alguns podem até dizer que não, mas provavelmente já devem ter visto fotos nas redes sociais de jogadores em piscinas, banheiras, ou até barris cobertos por gelo.

A crioterapia é um tratamento amplamente utilizado no futebol, empregando o frio para acelerar a recuperação dos atletas após partidas e prevenir ou tratar lesões.

Em momento de descontração, atletas do CSA ainda brincam em piscina com gelo. (Foto: Reprodução Instagram)

Nos clubes, a crioterapia é um momento de descontração. Os jogadores conversam e se divertem enquanto "entram numa fria". Essas sessões com gelo são frequentemente compartilhadas nas redes sociais pelos atletas. No Mundial da Rússia, por exemplo, a imagem de Sérgio Ramos encarando temperaturas de -100 graus viralizou.

Mas como será enfrentar esse frio intenso? Didira, meio-campista do CSA e fã da terapia com gelo, explica que, apesar do frio, ele aprecia as imersões em água gelada, especialmente pelos momentos de descontração que proporcionam.

"A crioterapia é muito boa para a nossa recuperação após um treino desgastante. Ajuda bastante a aliviar as dores. Tem quem gosta e tem quem não gosta. Eu gosto muito de fazer. É um momento bom em que ficamos conversando, contando histórias. É um momento de descontração para passar o tempo (risos). Passar dois minutos naquele gelo é difícil, viu?! (risos). As pernas ficam dormentes, mas é um momento legal!"

Adepto do procedimento

Cristiano Ronaldo joga rotineiramente como se tivesse gelo nas veias, então um dos segredos de sua incrível longevidade não deve surpreender. O astro do Manchester United, que completou 37 anos em fevereiro, recentemente postou um vídeo no Instagram se despindo antes de entrar em uma câmara gelada em Dubai.

O craque estava passando por um tratamento de recuperação e reabilitação chamado crioterapia, algo que ele pratica regularmente desde 2013. Segundo relatos, Ronaldo possui até uma câmara de crioterapia de 50 mil libras (R$ 304 mil) instalada em sua mansão alugada. Mas ele não está sozinho nessa prática no mundo do futebol.

A incrível vitória do Leicester City na Premier League de 2016 foi bastante auxiliada pelo uso da crioterapia, e agora vários clubes importantes do Reino Unido têm câmaras criogênicas instaladas em seus centros de treinamento.

Jogador Hulk, do Atlético-MG, dentro de banheira com gelo para aliviar as dores. (Foto: Reprodução)

Então, o que exatamente é a crioterapia e quais são seus benefícios?

Dr. Adnan Haq, professor de Ciências do Esporte e do Exercício na Universidade de South Wales, explica: “O termo crioterapia pode ser ambíguo e usado livremente, mas geralmente se refere a qualquer tratamento com frio, incluindo compressas de gelo e banhos de água fria.”

"Quando muitas pessoas usam o termo crioterapia, estão se referindo especificamente à crioterapia de corpo inteiro (WBC), que envolve a exposição ao ar extremamente frio, abaixo de -100°C, por tipicamente três minutos - mais frio do que a temperatura mais baixa já registrada na Terra."

“Devido à natureza extrema do WBC, muitos acreditam que ele oferece resultados superiores em comparação com métodos convencionais. O corpo sofre um grande choque fisiológico quando exposto a ambientes extremos. Trata-se de aproveitar as respostas do corpo a esses extremos para acelerar a recuperação.”

Cris e Clebinho, do CRB, vivenciaram a técnica com barril cheio de gelo. (Foto: Henrique Pereira-GloboEsporte.com)

“No caso da WBC, vários atletas acharam benéfico após o exercício, para acelerar a recuperação e permitir que treinem e atuem novamente em tempo hábil com alta intensidade.”

“Um benefício importante é o tratamento do dano muscular induzido pelo exercício (EIMD). Meu trabalho publicado no ano passado revelou que sessões únicas de WBC podem efetivamente mitigar as reduções de força muscular após exercícios que danificam os músculos, acelerando assim a recuperação.”

Ian Saunders, CEO da CryoAction, que fornece câmaras criogênicas de corpo inteiro para vários clubes de futebol e outras organizações esportivas, tomou conhecimento da crioterapia ao saber do uso da prática pela equipe galesa de rugby na Polônia.

O empresário de tecnologia viajou para o país do Leste Europeu para explorar a crioterapia por si mesmo e descobriu que as câmaras criogênicas eram comuns em centros médicos e organizações esportivas.

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