Empresas vão custear DNA para achar restos mortais de Garrincha

A administração do cemitério não sabe onde o corpo do atleta está

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Pelo menos três empresas já demonstraram interesse em custear os exames de DNA que deverão ser realizados para descobrir se os restos mortais do ex-jogador do Botafogo e da seleção brasileira Manuel Francisco dos Santos, o Mané Garrincha, estão enterrados em um dos dois túmulos onde consta o nome do craque, no cemitério de Raiz da Serra, em Magé, na Baixada. A informação foi divulgada, nesta quarta-feira, pela prefeitura da cidade. O município vai pedir que laboratórios especializados façam o exame. Para possibilitar um confronto com as ossadas, será necessário que parentes de Garrincha cedam seu material genético.

A administração do cemitério não sabe onde o corpo do atleta, sepultado há 34 anos, está. Admite, inclusive, que possa ter sido perdido num processo de exumação nos anos 80.

Segundo o procurador-geral do Município, Paulo Henrique Pinto de Mello, uma reunião está sendo agendada com os familiares do bicampeão mundial com o objetivo de obter a autorização para exumação dos restos mortais nas duas sepulturas, uma delas de uso coletivo de parentes do craque.

— Já existem empresas querendo fazer a doação desse serviço (DNA) —disse.

Neto de Garrincha, Luiz Marques acredita que o corpo continue no primeiro túmulo. Segundo ele, a reunião de família sobre o assunto será até a semana que vem. O craque teve nove filhos. Mas, na prática, para a exumação bastaria o aval de João Rogoginsky, de 70 anos, sobrinho do atleta e titular do jazigo coletivo, onde o jogador foi originalmente sepultado, dia 20 de janeiro de 1983. O outro túmulo, feito em 1985, pertence à prefeitura.

Investigação policial

Rosângela Santos, uma entre nove filhos de Garrincha, esteve nesta quarta-feira no cemitério e encontrou o prefeito Rafael Tubarão. Ouviu dele a promessa que, após a localização dos restos mortais de seu pai, um novo túmulo será construído pela prefeitura para receber a ossada do ex-jogador. Os dois já existentes estão em péssimo estado de conservação.

O delegado Antônio Silvino, da 66ª DP (Piabetá) disse que vai abrir uma investigação sobre o caso.

— Vamos solicitar a cópia do exame de DNA. Também vamos aguardar que parentes do ex-jogador que se sentirem lesados venham à delegacia — disse.

A ex-prefeita Núbia Cozzolino disse que seu falecido pai, o ex-prefeito Renato Cozzolino, nada tem a ver com o fato de a ossada de Garrincha ter localização incerta.

— Meu pai morreu em 1986 e apenas construiu o obelisco — disse.

Repercussão internacional

A notícia divulgada dando conta de que a Prefeitura de Magé e parentes de Garrincha não sabem onde está enterrado o atleta teve repercussão internacional. O site do jornal espanhol “Marca” destacou a história e lembrou que o jogador foi ídolo do Botafogo e da seleção brasileira. Já o português “A Bola” deu destaque ao fato de a administração do cemitério cogitar a hipótese de os restos mortais de Garrincha terem se perdido”. O argentino “La Nacion” disse que o Brasil está “entre a incerteza e a indignação”.

Biógrafo de Garrincha, o escritor Ruy Castro, autor do livro “Estrela solitária”, que conta a história do ídolo, comentou o destino incerto da ossada do craque.

— O que foi levado foram as ossadas. O corpo e a alma foram embora com ele vivo graças à incapacidade do Brasil em lidar com o alcoolismo — concluiu.

A assessoria do Botafogo disse em nota que o clube “está acompanhando o desenrolar” das investigações.

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