Em meio à crescente pressão nos bastidores da CBF, o presidente Ednaldo Rodrigues convocou uma reunião emergencial com presidentes das federações estaduais de futebol, realizada na última terça-feira (13), na sede da entidade. O encontro foi uma resposta direta ao agravamento da crise que cerca seu nome, após a abertura de duas investigações formais pela Comissão de Ética da CBF.
Segundo apurou a ESPN, Ednaldo iniciou a reunião com um discurso forte, afirmando estar “sob ataque” e cobrando apoio e união dos cartolas estaduais. O apelo teve como principal objetivo conter a repercussão negativa dos recentes escândalos e garantir uma barreira política que o mantenha à frente da entidade.
Denúncias na Comissão de Ética
As investigações contra Ednaldo têm origens distintas, mas igualmente graves. A primeira foi protocolada pelo vereador Marcos Dias Pereira (Podemos-RJ), que encaminhou denúncia ao Ministério Público do Trabalho (MPT) após receber relatos de assédio moral e sexual, perseguições internas, humilhações públicas e vigilância por câmeras ocultas na sede da CBF.
O parlamentar também acusa Ednaldo de descumprir um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) firmado em 2021 com o próprio MPT, que previa medidas contra práticas abusivas no ambiente da confederação. Pereira pediu o afastamento imediato de Ednaldo e de membros da diretoria, classificando a gestão atual como “temerária”.
Falsificação e o STF
A segunda apuração tem como base um pedido da deputada federal Daniela Carneiro (União-RJ), que acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) para revisar o acordo que homologou a eleição de Ednaldo no início deste ano. A parlamentar anexou laudos periciais que apontam uma possível falsificação da assinatura do ex-presidente da CBF, Coronel Nunes, no documento de homologação, além de um laudo médico indicando incapacidade cognitiva do dirigente à época da assinatura.
A suposta falsificação motivou a Justiça do Rio de Janeiro a convocar Coronel Nunes para depor nesta semana, mas a audiência foi cancelada de última hora por problemas de saúde do ex-dirigente.
Mandato até 2030 e talvez além
Mesmo sob investigação, Ednaldo foi reeleito em março deste ano com apoio unânime das 27 federações estaduais, garantindo um novo mandato até 2030. Com a mais recente mudança no estatuto da entidade, ele ainda poderá concorrer a uma segunda reeleição, o que o manteria no poder até 2034.
O dirigente assumiu a presidência da CBF em 2021, após o afastamento de Rogério Caboclo, inicialmente como interino. Em 2022, venceu sua primeira eleição com mandato até 2026, mas agora tem seu futuro colocado em xeque pelas denúncias que abalam a credibilidade da confederação.
Apoio sob teste
Embora tenha sido respaldado pelas federações em sua reeleição, o momento atual testa a lealdade dos dirigentes estaduais. Na reunião emergencial desta terça-feira, Ednaldo tentou alinhar os discursos e conter possíveis traições, pedindo que os presidentes evitem ampliar a repercussão dos escândalos.
Mas com denúncias de assédio, falsificação e má gestão ganhando espaço nos bastidores e na imprensa, o presidente da CBF pode ver sua base política ruir, caso o clima de crise continue se intensificando.