O desejo de contar com Carlo Ancelotti na seleção brasileira faz o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, esticar ao máximo a corda à espera do treinador do Real Madrid. Mesmo que para isso ele precise ignorar conselhos até mesmo dos próprios apoiadores.
O UOL apurou que no círculo mais próximo ao dirigente há quem defenda que o presidente da CBF resolva logo a questão do treinador, até para tentar aplacar a crescente crise política. Mas Ednaldo puxou para si a responsabilidade do negócio e de aguardar o quanto for possível para que o italiano seja o sucessor de Dorival Júnior.
Hoje, tem um jogo decisivo para o futuro imediato de Ancelotti. Um Barcelona x Real Madrid na Catalunha, com o time madrilenho precisando tirar quatro pontos de diferença, faltando quatro rodadas para o fim do Campeonato Espanhol.
Os sinais da Espanha é que Ancelotti não ficará no Real Madrid na próxima temporada. Os jogadores já foram avisados, como publicou o UOL. E o provável substituto, Xabi Alonso, deixará o Bayer Leverkusen após o Campeonato Alemão.
Só que, pensando em seleção, o fim do casamento lá precisa ser conjugado com o início do trabalho cá. A ideia da CBF é que nesta semana o martelo seja batido. No domingo, é preciso enviar à Fifa a pré-lista de convocados para os jogos de junho do Brasil pelas Eliminatórias, contra Equador e Paraguai.
A temporada na Espanha acaba dia 25. No dia seguinte, é o prazo que a CBF usa para a convocação final da seleção.
Tem pressão e movimentos políticos de vários lados
O que parece mais ameaçador no momento é a discussão sobre assinatura do Coronel Nunes, ex-presidente da entidade, no acordo que "pacificou" uma briga jurídica sobre a validade da eleição de Ednaldo, em 2022.
A dúvida sobre a veracidade da assinatura do dirigente virou assunto na Justiça. Amanhã, tem uma audiência marcada no Tribunal de Justiça do Rio para que Nunes se apresente e comprove que tinha condições mentais para selar o acordo — assinado em janeiro.
A dúvida é porque o ex-dirigente passa por um problema sério de saúde (câncer no cérebro), já foi submetido a uma cirurgia complexa e até ganhou um laudo em 2023 dizendo que estava com déficit cognitivo.
O presidente da CBF convocou para terça-feira uma reunião com as federações. Nesta semana, ainda tem Congresso da Fifa, no Paraguai. Mas o que se espera mesmo é uma luz a respeito de quem vai comandar a seleção — mesmo que o destino de Ednaldo ainda seja incerto.
(Com infirmações da FolhaPress - Igor Siqueira e Rodrigo Mattos)