Celebrado mundialmente no dia 8 de março, o Dia Internacional da Mulher marca a luta por igualdade de gênero e de direitos em todos os setores da sociedade. No esporte, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) reconhece a importância da mulher e exalta as atletas brasileiras em competições internacionais. Com várias campeãs mundiais em 2019, a expectativa é de uma participação marcante das mulheres brasileiras nos Jogos Olímpicos Tóquio 2020. Até o momento, já são 80 mulheres com vagas garantidas na delegação brasileira, de um total de 171 atletas.
“Em consonância com os pilares do Movimento Olímpico, o COB tem realizado nos últimos anos uma série de ações para criar uma cultura inclusiva, desafiando a desigualdade de gênero não apenas na organização, mas em todo o esporte no Brasil. Nosso compromisso é em construir um ambiente melhor para as mulheres no esporte”, afirmou o presidente do COB, Paulo Wanderley.
A primeira participação feminina em Jogos Olímpicos aconteceu em 1900, em Paris, quando apenas 22 mulheres competiram no tênis e no golfe, enquanto 975 homens participaram do evento. Na última edição dos Jogos Olímpicos, no Rio 2016, a presença feminina representou cerca de 45% do total de atletas. Para Tóquio 2020, o Comitê Olímpico Internacional anunciou que todos os 206 países participantes devem ter ao menos um homem e uma mulher em suas delegações.
No Brasil, a representatividade das mulheres vem aumentando a cada edição de Jogos Olímpicos, desde a participação da nadadora Maria Lenk em Los Angeles 1932, primeira sul-americana disputar o maior evento esportivo do mundo. No Rio 2016, de um total de 465 atletas, 45% eram mulheres.
“A performance esportiva das mulheres tem evoluído tecnicamente nos últimos anos. Tivemos várias brasileiras medalhistas olímpicas e mundiais, como Mayra Aguiar, no judô, Beatriz Ferreira, no boxe, Martine e Kahena, na vela, e Duda Amorim, há anos entre as melhores do handebol mundial. São vários nomes que vem a consagrar uma história que o Brasil possui no esporte feminino, desde Maria Lenk, Aída dos Santos passando por Hortência Marcari, Magic Paula, Jackie Silva, entre tantas outras atletas fantásticas que abrilhantaram a nossa história”, destacou o diretor de Esportes do COB, Jorge Bichara.
O aumento do número de atletas do sexo feminino que representam o país nos Jogos Olímpicos também traz atenção especial no campo do bem-estar das atletas. Não é por acaso, portanto, que desde 2012 o Brasil se tornou um dos primeiros Comitês Olímpicos Nacionais do mundo a contar com uma ginecologista esportiva em suas delegações.
“O Brasil é destaque no cenário internacional no esporte feminino e é inegável que nos últimos anos a performance feminina evoluiu tecnicamente, o que cria uma expectativa de um bom desempenho nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Existe uma atenção do mundo onde há potencial de disputa de medalhas e uma visão de que o esporte feminino ainda tem muito o que crescer. É natural que os países foquem seus investimentos onde existem essas oportunidades. Algumas provas permitem esse crescimento maior. E no Brasil isso aconteceu, seja no caso da Ana Marcela Cunha ou da Ana Sátila, por exemplo, ou do apoio direto ao surfe feminino. Onde existe o potencial de resultado, existe o foco de investimento e de atenção”, observou Mariana Mello, gerente-executiva de Planejamento e Desempenho Esportivo do COB.
Além de contribuir para a maior participação feminina dentro do campo de jogo, o COB estimula a presença da mulher também no ambiente corporativo, atuando como líderes na gestão esportiva das entidades. Dentro de sua estrutura, as mulheres são maioria. Entre os funcionários da entidade, quase 55% são mulheres. Além disso, nos cargos de gerência, são seis mulheres e cinco homens. A diretoria da entidade conta com duas representantes femininas. om uma qualificação profissional cada vez maior de mulheres nos esportes olímpicos, incentivadas também pelos cursos de capacitação do Instituto Olímpico Brasileiro, o Brasil enviou a primeira missão na história inteiramente feminina a liderar a delegação brasileira nos Jogos Sul-Americanos de Praia em Rosário 2019, com nove mulheres responsáveis por todas as áreas da operação.
Outra ação relevante do COB foi o lançamento da "Política de Combate e Prevenção ao Assédio e Abuso Moral e Sexual", em outubro de 2018, que contempla todas as esferas do esporte nacional. A elaboração destas diretrizes contou com a colaboração da ONU Mulheres e faz do Brasil um dos únicos cinco Comitês Olímpicos Nacionais a ter esse tipo de documento publicado. Com um canal de ouvidoria em funcionamento, ele tem ajudado meninas e mulheres a notificar qualquer abuso sofrido.
“O nosso papel é desafiador e exige muita coragem. Estamos tendo mais liberdade, por conta de outras mulheres que lutaram para essas conquistas, mas ainda assim temos muitos desafios para mostrar que os valores femininos fazem a diferença no esporte. Meu grande sonho é a igualdade em todos os esportes”, defendeu a nadadora campeã mundial Etiene Medeiros.
A parceria com a ONU Mulheres começou em 2015, quando a organização esteve presente pela primeira vez durante os Jogos Escolares da Juventude no Brasil, impactando na ocasião mais de 8.000 meninos e meninas com o tema equidade de gênero. Desde então, todos os anos a ONU tem desempenhado um papel importante no evento. Esse relacionamento deve ser duradouro: atualmente o COB é signatário do programa “Eles por Elas”.
“É um dia para ser comemorado. Lutamos muito pelos nossos direitos e pelo papel que desempenhamos na sociedade. No esporte, demos um salto muito grande nos últimos anos. Temos conquistado nosso espaço e mostrado do que somos capazes. Os Jogos Pan-americanos mostraram isso muito bem. Servimos como referências para as meninas da nova geração, que estão iniciando no esporte e se espelham nas nossas conquistas”, afirmou Ana Sátila, da canoagem slalom, que conquistou duas medalhas de ouro nos últimos Jogos Pan-americanos, em Lima. Nesta competição, por sinal, o desempenho feminino foi histórico. As brasileiras conquistaram 20 ouros e 67 pódios no total. Em Toronto 2015 foram 13 e 63, em Guadalajara 2011 foram 6 e 21, e no Rio 2007 foram 15 e 57. (COB)