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Deputado que propôs venda do Maracanã diz que arena do Flamengo pode prejudicar o estádio

Rodrigo Amorim defende venda de imóveis públicos e alerta que construção da arena rubro-negra pode inviabilizar o estádio mais simbólico do país.

Deputado estadual do Rio de Janeiro, Rodrigo Amorim do União Brasil | Foto: Reprodução
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O governo do Estado do Rio de Janeiro incluiu o Complexo do Maracanã na lista de imóveis que podem ser vendidos como parte do plano de recuperação fiscal. A medida foi aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa (Alerj) e ainda precisa passar pelo plenário. Ao todo, 62 imóveis poderão ser negociados para ajudar a quitar dívidas do estado com a União.

Entre os defensores da proposta está o deputado estadual Rodrigo Amorim (União Brasil), que concedeu entrevista ao Jornal da Tarde Piauí  da Rádio Jornal, nesta sexta-feira (31). Ele afirma que a medida faz parte de uma política de austeridade e de melhor aproveitamento do patrimônio público.

“É preciso dar finalidade aos imóveis”, diz Amorim

Segundo o parlamentar, o estado mantém diversos bens sem uso adequado e com altos custos de manutenção.

“O governo do estado do Rio de Janeiro está dentro de um regime de recuperação fiscal, e é necessário que tome medidas de austeridade, dentre as quais está a possibilidade de venda ou outra tratativa comercial desses imóveis, que são mal aproveitados. A Constituição impõe uma finalidade social da propriedade, e não podem ficar abandonados ou subutilizados”, afirmou.

Amorim explicou que alguns imóveis foram retirados da lista após manifestações de organizações sociais que ocupam os espaços, mas outros foram incluídos, como a Aldeia Maracanã, área de 14 mil m² ao lado do estádio. Segundo ele, a região está “em situação precária” e poderia ser reintegrada ao estado para futura venda.

Custos e desafios na gestão do Maracanã

O deputado defende que o Maracanã, símbolo do esporte brasileiro, precisa de uma gestão mais eficiente. De acordo com ele, os custos do estádio chegam a R$ 700 mil por evento, somando despesas com energia, manutenção e segurança. Para se manter viável, o espaço precisaria receber ao menos 75 eventos por ano.

“É indispensável que a gente dê uma finalidade para o Maracanã, de modo a não perder o estádio. O Flamengo é o principal usuário e promove a maioria dos eventos. A construção de um novo estádio pelo clube pode inviabilizar financeiramente o Maracanã”, alertou.

Flamengo e o risco de esvaziamento

Amorim se referia à intenção do prefeito do Rio de Janeiro, que já declarou apoio à construção de uma nova arena para o Flamengo. O parlamentar acredita que, se o projeto sair do papel, o Maracanã pode perder seu principal ocupante e ficar ocioso, o que agravaria o custo de manutenção para o estado.

Ele também destacou que o terreno pretendido para o novo estádio exigiria tratamento de solo de longo prazo, cerca de cinco anos de obras e investimentos de centenas de milhões de reais, o que, segundo ele, tornaria o projeto menos vantajoso que uma revitalização do próprio Maracanã.

“O Maracanã continuará sendo patrimônio do Rio”

Apesar da proposta de venda, Amorim afirmou que não há risco de o estádio ser entregue à especulação imobiliária.

“Quero garantir que o Maracanã continuará sendo um equipamento esportivo consagrado e patrimônio do Rio e do Brasil. O que queremos é dar uma finalidade a ele, revitalizar o entorno e permitir que tenha um volume de atividades compatível com seu gigantismo”, disse.

O deputado sugeriu que o entorno do estádio, como a Aldeia Maracanã e o Parque Júlio de Lamare, seja revitalizado com estruturas de apoio, lojas e áreas de convivência, inspirando-se em arenas como Wembley, em Londres.

Próximos passos

O projeto que inclui o Maracanã na lista de imóveis passíveis de negociação ainda será votado no plenário da Alerj e poderá sofrer alterações. Se aprovado, permitirá que o governo estadual realize tratativas comerciais envolvendo o estádio, desde que mantida sua função esportiva e cultural.

A discussão promete dividir opiniões entre quem defende a modernização da gestão pública e aqueles que veem a proposta como um risco ao patrimônio histórico do Rio de Janeiro.

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