O tempo ainda é curto, a lembrança ainda está bem viva, volta e meia alguma ironia ainda é lançada no ar, mas chegou a hora de arrumar solução para o problema. E o único remédio para cicatrizar a ferida se chama gol. Exatamente uma semana depois de ser o vilão na eliminação da Taça Guanabara diante do Vasco, Deivid, que perdeu gol incrível naquela partida, volta a campo para enfrentar o Boavista, na noite desta quarta-feira. Será a continuação do julgamento das arquibancadas.
- Claro que vai ficar uma mancha até fazer um gol de título, ser artilheiro. Só cabe a mim dar a volta por cima. Quando você joga mal, a torcida vai cobrar. Quando joga bem, vai apoiar ? afirmou Deivid, um dia depois da incrível chance perdida.
Mas, ao mesmo tempo em que sofreu pressão e perdeu noite de sono desde a bola que parou na trave, Deivid também gerou uma onda de apoios, que começou dentro da família e chegou à presidente do Flamengo, Patricia Amorim. Na sexta-feira, dois dias depois da partida trágica, a dirigente telefonou e disse ao jogador:
- Não é você que deve ao Flamengo, mas sim o Flamengo que deve a você.
Desde os momentos logo depois do jogo com o Vasco ? quando demorou a tomar banho ainda no vestiário do Engenhão e foi um dos últimos a deixar o estádio ? até a véspera da partida, Deivid trocou o abatimento pela confiança. O sorriso, mesmo que ainda sem gol, voltou ao rosto do atacante. Nesta terça, na porta do hotel do Flamengo em Macaé, um grupo de torcedores levou uma faixa com a mensagem "Deivid, estamos com você".
Em dez jogos na atual temporada, Deivid marcou apenas um gol, na vitória por 2 a 0 sobre o Nova Iguaçu.
Para apagar a mancha, como o próprio Deivid disse, é preciso gols e recordar momentos como os de 2002, quando foi artilheiro da Copa do Brasil com 13 gols. No mesmo ano, ele também foi goleador do Corinthians. E, naquele ano, o atacante estava iluminado. No dia 24 de novembro, ele marcou quatro gols em um único jogo, na goleada sobre o Atlético-MG por 6 a 2, no Mineirão, pelo Campeonato Brasileiro.
Deivid tem contrato com o Flamengo até o fim do ano. Desde que chegou ao Flamengo, no segundo semestre de 2010, o camisa 9 nunca foi unanimidade, dentro e fora do clube.
Nas arquibancadas, as vaias acompanharam os aplausos nos 81 jogos, com 26 gols. Na Gávea, quando cobrava os milhões atrasados de direitos de imagem, já ouviu como resposta que deveria cobrar de Zico, responsável pela sua contratação quando era dirigente do Flamengo.
Deivid tem como uma das referências no futebol o ex-jogador Ronaldo, símbolo de inúmeras superações. Pode servir de exemplo para o atacante do Flamengo, sempre julgado e à espera do veredicto das arquibancadas.