De desconhecido a atrevido, Lanzini já ganha espaço com Abelão no Flu

Técnico garante escalação do argentino contra o Vasco.

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De desconhecido a atrevido. De incógnita a ousado. Lanzini chegou às Laranjeiras ofuscado pelas contratações de Martinuccio e Rafael Sobis. Se não fosse apresentado ao lado dos outros dois reforços e no dia do aniversário de 109 anos do Fluminense, talvez sua primeira experiência no Tricolor ficasse restrita a uma simples entrega de camisa e poucos jornalistas. Revelação do River Plate-ARG, e com apenas 18 anos, o jogador só havia sido descoberto pelo futebol argentino e por olheiros espalhados pelo mundo. Nada mais natural então que o técnico Abel Braga nunca tivesse ouvido falar do jogador. Problemas à vista? Nada que pouco menos de um mês, e um telefonema depois, a nova joia do atual campeão brasileiro não tenha conseguido resolver.

Dia 22 de julho. Pouco mais de 24 horas após a apresentação de Martinuccio, Sobis e Lazini, Abel Braga concedia entrevista em Volta Redonda, onde o Fluminense enfrentaria o Palmeiras. Perguntado sobre os reforços, o treinador elogiou a atuação de do primeiro na Libertadores de 2011, disse conhecer bem o segundo, com quem trabalhou no Internacional, e mostrou um natural desconhecimento sobre o jovem de 18 anos que era conhecido como "A Joia" nas categorias de base do River Plate. "Temos de ver ainda se o garoto já tem condições de nos ajudar ou se precisa ganhar mais experiência", disse. Daquele dia até a estreia de Lanzini, na última quarta, com a camisa 11 que era do compatriota Conca às costas, menos de um mês se passou. Período suficiente para o jovem mostrar sua habilidade nos treinamentos e também para Abel receber ótimas referências vindas diretamente da Argentina.

- Realmente eu não o conhecia. Até que recebi o telefonema de um grande amigo, Alfonso Cabarro, que é torcedor do River Plate. Nos conhecemos na Copa de 1978 e ele é pai do empresário do Pablo Aimar. Alfonso me disse que Lanzini era um jogador muito bom, atrevido e diferenciado. Em pouco tempo o garoto mostrou que tem um estilo diferente de todos os meias do elenco, com mais movimentação. Tínhamos sempre o meia clássico, como Deco, Souza e até mesmo o Conca. Mas o Lanzini é diferente, é ousado, atrevido, tenta sempre tirar o marcador da frente. Ter hoje em dia um jogador que além do bom passe ainda consegue eliminar os adversários no drible ajuda muito. Isso ajuda a criar a superioridade em uma partida. Atualmente o futebol é muito encaixado, sem espaço. E com a marcação apertada os mais cadenciados não conseguem armar como deveriam - disse o técnico Abel Braga em entrevista ao GLOBOESPORTE.COM.

Sincero e direto como sempre, Abelão não garantiu a titularidade ao argentino. Mas deixou claro que sacá-lo do time para o clássico do próximo domingo, diante do Vasco, às 18h (de Brasília), no Engenhão, seria temerário. Na estreia, Lanzini finalizou cinco vezes a gol e acertou 91,6% dos passes que tentou - 44 em 48 possíveis.

- Com certeza ele vai jogar mais, ter mais chances. Talvez não todo jogo, mas acho que não escalá-lo no próximo domingo seria temerário. Ele estreou e foi bem. Na quinta eu perguntei se ele estava cansado e a resposta foi não. Lanzini pegou o início da pré-temporada do River Plate e depois passou duas semanas treinando muito nas Laranjeiras. Não é um velocista, mas é um jogador que se movimenta o jogo todo. Acho isso extraordinário - explicou o treinador, pedindo calma com a joia tricolor e ao mesmo tempo garantindo que o mesmo ainda vai evoluir muito ao longo do Campeonato Brasileiro.

- Ele ainda é novo e vai crescer, mas hoje no futebol brasileiro temos poucos jogadores que se livram fácil da marcação como Ronaldinho Gaúcho, Thiago Neves, Lucas, Valdívia... São aqueles capazes de mudar a previsibilidade de uma partida. A partir de agora os rivais terão de ficar de olho no Lanzini também. Não dá para dizer que o time ganhou por causa dele, mas para um primeiro jogo, até pela pouca idade e adaptação, dá para dizer que ele ainda tem muito a nos dar. Só não vou jogar sobre o menino a mesma responsabilidade que passo aos mais experientes. Mas é sim um jogador bem interessante e que não tem medo de errar. Gosto desse atrevimento dele.

Um dos poucos nas Laranjeiras que pode dizer que já conhecia Lanzini de outros carnavais é o gerente de futebol tricolor, Marcelo Teixeira. Responsável pela contratação, o dirigente conheceu o argentino quando trabalhava como observador do Manchester United-ING na América do Sul. Segundo ele, a negociação, que durou cerca de uma semana, só foi possível diante do rebaixamento do River Plate para a Série B do Campeonato Argentino somada à péssima situação financeira do clube portenho. Dada as devidas proporções, Marcelo lembra que Lanzini e seu companheiro Erik Lamela, hoje na Roma-ITA, eram considerados a dupla sensação da Argentina como se fossem Neymar e Ganso no início da carreira.

- Existia essa comparação do Lanzini e do Lamela de hoje com o Neymar e o Ganso de dois anos atrás. Conheci o jogador desde que ele começou a jogar pelos profissionais do River. Na estreia ele tinha apenas 16 anos. Foi uma aposta minha e de toda a diretoria. Pelo que eu sabia das qualidades dele, já esperava essa boa estreia. Agora pode ter certeza de que o Fluminense está dando todo o carinho para ele se adaptar o mais rapidamente possível ao clube e ao Rio de Janeiro - explicou Teixeira.

Há poucos dias de completar um mês na Cidade Maravilhosa, Lanzini já mora sozinho em Ipanema. O pai e a mãe do jogador se revezam nas visitas e a namorada chegou recentemente ao Brasil para matar as saudades. Só faltou tempo para conhecer um pouco mais o Rio de Janeiro, porque a torcida tricolor o moleque atrevido e ousado já deu uma pequena prova de que tem condições de honrar o apelido e brilhar também nas Laranjeiras.

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