A estrela solitária é do Botafogo, mas a que brilhou na noite chuvosa no Rio de Janeiro, nesta quinta-feira, num vazio Engenhão, foi a do técnico Celso Roth. Se escalou um time defensivo demais no primeiro tempo, o treinador do Cruzeiro mudou seu time na segunda etapa, e os jogadores que pôs em campo, pricipalmente Anselmo Ramon e Everton, autores de um gol cada (o outro foi feito por Wellington Paulista, de pênalti), foram fundamentais para a virada relâmpago de 3 a 2. O três gols cruzeirenses foram marcados num espaço de apenas seis minutos.
O Alvinegro, que lutava para retornar à liderança do Campeonato Brasileiro, que viria com a vitória, chegou a abrir 2 a 0 no marcador, gols de Amaral (contra) e Herrera, mas acabou perdendo a partida, estacionando nos seis pontos e caindo para o quarto lugar. A equipe mineira obteve a sua primeira vitória na competição, soma um a menos que o adversário desta quinta e subiu para a oitava colocação. Apenas 5.256 pessoas pagaram ingresso (6.900 presentes) e proporcionaram uma renda de R$ 206.890,00.
O Botafogo volta a campo no domingo, no Recife, para enfrentar o Náutico, no estádio dos Aflitos, pela quarta rodada do Brasileirão. O Cruzeiro, por sua vez, recebe no mesmo dia o outro time pernambucano, o Sport, no Independência, em Belo Horizonte.
Com quatro jogadores fortes na marcação em seu meio do campo (Amaral, Charles,Tinga e Souza), o time azul entrou em campo com a clara intenção de esperar o que o Botafogo faria para depois buscar o ataque, com Montillo solto, e Wellington Paulista isolado entre os defensores adversários.
O Alvinegro buscava o toque de bola para abrir o bloqueio do time mineiro e com Vitor Júnior buscando o jogo o tempo todo, tinha boas opções de armação e chutes a gol. Dois minutos após um arremate de fora da área que bateu na rede pelo lado de fora, aos 7, Vitor Júnior deixou Herrera na cara do gol, mas o atacante argentino viu Fábio crescer à sua frente e defender bem o seu chute de canhota.
Criatividade no Cruzeiro somente nos pés de Montillo. E foi após um cruzamento da ponta direita feito pelo meia argentino que Wellington Paulista recebeu na área, tentou driblar Lucas e, mais preocupado em cavar o pênalti do que fazer o gol, perdeu grande oportunidade, aos 18. A resposta seria imediata, de novo com jogadas iniciadas por Vitor Júnior. Primeiro, ele cobrou uma falta da direita, Herrera dividiu com Léo e Fábio, e o goleiro cruzeirense teve de se esticar todo para evitar o gol, jogando a bola para escanteio. Na cobrança, feita pelo camisa 11 alvinegro, Amaral se assustou com a bola e a jogou contra a própria rede: Botafogo 1 a 0, aos 20.
A equipe da casa mandava na partida, para decepção do técnico Celso Roth, e quase chega ao segundo, aos 24. Lucas recebeu na área, livre, não foi fominha e serviu Herrera, que tinha o gol à sua feição, mas em vez de completar com o pé esquerdo, tentou com o direito e mal acertou a bola na linha da pequena área. Apesar de ter uma atuação muito melhor na primeira etapa, o time alvinegro tinha uma falha na marcação no seu lado esquerdo, por onde o Cruzeiro tinha alguma facilidade para criar algum perigo, quase sempre com Montillo. Porém, não conseguiu concluir bem a gol até o fim do primeiro tempo.
Botafogo faz o segundo, mas leva virada relâmpago após alterações de Roth
Roth mandou o seu time com uma alteração para o segundo tempo: Fabinho no lugar de Souza. Com isso, o time mineiro passou a ter dois atacantes e Montillo na armação das jogadas ofensivas. A postura mais ofensiva do adversário proporcionou ao Botafogo outra boa opção, os contra-ataques. No entanto, a equipe alvinegra passou a errar passes importantes e a atuar mais recuado. Assim, aos poucos, o Cruzeiro passou a dominar o jogo, mas com muitas dificuldades para criar oportunidades claras de gol.
As primeiras boas chances para a equipe de Belo Horizonte surgiram pelo lado esquerdo, num chute estranho de Marcelo Oliveira, que Milton Raphael teve dificuldades para jogar a escanteio, aos 18. Logo depois, o lateral-esquerdo lançou bem na área para Tinga, que teve tempo de matar no peito e chutar de virada, mas muito mal.
No primeiro contra-golpe que o Botafogo acertou na etapa final acabou marcando o segundo gol: Vítor Júnior fez belo lançamento para Herrera, que penetrou livre no meio da zaga cruzeirense e diante de Fábio bateu forte, no canto direito, aos 23. A desvantagem fez o técnico do time mineiro fazer duas mudanças ao mesmo tempo: Everton no lugar de Marcelo Oliveira, que pouco antes de sair fez cruzamento perfeito para Fabinho chutar na trave, aos 25, e Anselmo Ramon no de Tinga.
O Cruzeiro partiu com tudo para o ataque, enquanto que o Botafogo continuava acuado. Assim, foi criando oportunidades e a estrela de Celso Roth brilhou. Aos 28, Anselmo Ramon desviou de cabeça chute de Mateus de dentro da área e diminuiu. Dois minutos depois, Everton, aproveitando cruzamento de Anselmo Ramon da direita, também de cabeça empatou.
O time mineiro continuou agredindo o assustado carioca e obteve a virada num lance no mínimo polêmico. Montillo recebeu livre na área, tentou tirar a bola de Milton Raphael, que impediu o gol com bela defesa, e caiu. O árbitro Fabrício Neves Correa marcou o pênalti e ainda deu cartão amarelo para o jovem goleiro alvinegro. Wellington Paulista cobrou bem e marcou o gol da virada, aos 34.
Não restou, então a Oswaldo de Oliveira outra opção que não fosse ordenar que seu time voltasse ao ataque e mandou Elkeson a campo para substituir o pouco produtivo Andrezinho. O Botafogo pressionou até o fim, mas sem tranquilidade e organização. Por isso, não conseguiu sequer empatar a partida.