O técnico Luiz Felipe Scolari e o Cruzeiro anunciaram a rescisão de contrato (válido até o fim de 2022), antes mesmo do término da Série B do Campeonato Brasileiro. Em comum acordo, a definição ocorreu após um contato entre a diretoria do clube e o treinador na manhã desta segunda- feira, em meio aos problemas não resolvidos de salários atrasados e também das incertezas quanto à montagem do elenco para 2021. A multa de R$ 10 milhões não precisou ser paga, pois a saída partiu inicialmente do treinador.
Felipão não estava seguro com as argumentações da diretoria do clube mineiro sobre o planejamento e a capacidade de investimento e decidiu romper o vínculo. Felipe Conceição, hoje no Guarani, aparece como nome forte nos bastidores da Raposa. Além de Felipão, os auxiliares Paulo Turra, Carlos Pracidelli e o preparador Anselmo Sbragia também deixam o Cruzeiro. Para o o jogo contra o Paraná, na sexta-feira, pela última rodada da Série B, quem comanda a equipe é o auxiliar fixo Célio Lúcio.
Nas últimas semanas, o incômodo de Felipão ficou ainda maior com a direção, principalmente pelo fato de não haver uma previsão no pagamento dos salários atrasados. Com os problemas financeiros, também ficou incerta a capacidade de investimento para contratação para 2021.
Com o desejo de continuar conquistando títulos na carreira, Felipão não sentia certeza de que poderia levantar algum troféu pelo Cruzeiro ou segurança de estar entre os quatro primeiros colocados na Série B de 2021. Em comunicado, Felipão agradeceu à oportunidade e relembrou os motivos pelos quais foi contratado, em outubro.
- Quando em outubro recebi em Porto Alegre o presidente Sérgio e diretoria, eu disse sim ao plano de construção de um novo Cruzeiro EC. Sabia do desafio que era recuperar o time na Série B. Naquele momento havia uma grande ameaça de queda para a Série C. Todos nós naquela reunião assumimos o compromisso com este projeto. Um trabalho organizado onde todos deveriam dar sua contribuição, cada um no seu setor. Aceitei retornar com enorme prazer em ajudar e trabalhar pelo clube. Conseguimos recuperar o time na série B.
O Cruzeiro, por sua vez, destacou que "Scolari e sua comissão técnica cumpriram a importante missão de recuperar o Cruzeiro no Campeonato Brasileiro da Série B". A Raposa agradeceu o trabalho de Felipão e lhe dedicou sorte.
Passagem
O treinador foi contratado em outubro do ano passado, após a demissão de Ney Franco, logo depois do empate com o Oeste por 0 a 0. Mas o acerto não foi fácil. Primeiro, descartou a possibilidade. Assim, o Cruzeiro tentou Lisca, Umberto Louzer e Marcelo Chamusca. De todos, ouviu não.
Com uma proposta melhorada – contrato de três anos, multa rescisória girando em torno de R$ 10 milhões e promessa de montagem de um time forte – Felipão foi demovido da negativa e aceitou o contrato com o Cruzeiro, com o time em 19º, com apenas 12 pontos em 15 partidas.
O combinado foi salvar o time do rebaixamento à Série C. Felipão conseguiu e impediu uma vergonha de uma nova queda. Mesmo assim, o futebol do time não teve um salto de crescimento e, após engatar uma série de nove partidas sem derrota, conseguiu tirar o time do Z-4 e chegou até a sonhar com o acesso.
Mas parou no sonho. Após mais três vitórias, o Cruzeiro voltou a ser irregular na Série B, ter atuações abaixo da expectativa e perder pontos em casa. O acesso não foi alcançado, e o financeiro começou novamente a apertar com a recorrência dos salários atrasados.
Foram 21 partidas, somando nove vitórias, oito empates e quatro derrotas. A comissão técnica de Felipão também deixa o clube: Paulo Turra e Carlos Pracideli (auxiliares técnicos) e Anselmo Sbragia (preparador físico).