A cena chamou a atenção. Muito vaiado e xingado de burro pela torcida do Vasco ao fim da vitória por 2 a 1 sobre o Lanús, pelas oitavas de final da Libertadores, Cristóvão Borges caminhava para o vestiário quando viu que jogadores cruz-maltinos ainda estavam no gramado, à sua espera, para confortá-lo. A atitude dos atletas, que levam a vantagem do empate para o jogo de volta na Argentina, no próximo dia 9, alegrou o comandante:
- É bacana porque é uma manifestação de todo o grupo. A gente não tem preocupação de externar isso, mas nossa relação é muito boa. De alguma forma, é muito legal porque demonstra que a gente está buscando fazer as coisas da melhor maneira possível. A gente está junto não só na boa, mas quando está difícil também - disse Cristóvão.
Cristóvão garante que as manifestações não o abalaram. Na entrevista coletiva após o jogo, o técnico fugiu de polêmicas. Questionado se as vaias seriam também para o time, ele chamou a responsabilidade:
- O time não saiu vaiado não, só o treinador. A torcida enxerga de uma maneira o jogo e fica insatisfeita. Tem todo o direito. É compreensível. É uma pena, porque foi um jogo em que nós ganhamos e podíamos ter saído com uma boa vantagem. Foi uma pena não termos fechado assim. Eu respeito o torcedor. Alguns dias antes deste jogo, a gente perdeu a decisão do Carioca (final da Taça Rio, para o Botafogo), mas agora era a Libertadores, que é nossa prioridade. Eles chegaram aqui, apoiaram, e a gente colocou a vantagem. Em determinado momento, eles não concordaram com o que vinha acontecendo. Tudo bem.
O determinado momento a que Cristóvão se refere foi a substituição de Felipe por Fellipe Bastos, que provocou ira nas arquibancadas.
- A gente sentiu um pouco mais na marcação no segundo tempo. Nossa recomposição não era mais a mesma. Eles imprimiram um ritmo de jogo muito forte. Seria natural que isso acontecesse. Eu tentei corrigir isso com a entrada do Bastos.
Apesar do discurso calmo e de ter chegado à sala de imprensa com um sorriso nos lábios, o treinador sabe que vive um momento delicado. Tanto que, ao contrário do habitual, ficou meia hora no vestiário após a partida antes de falar com os jornalistas. Questionamentos à parte, o treinador segue confiante em sua equipe e em seu futuro em São Januário.
- Não me sinto ameaçado porque eu sei como funciona. Estou aqui há muito tempo. Mesmo passando a dirigir a equipe agora, já estive em outras equipes e fui atleta. Temos que continuar trabalhando. Os resultados têm sido bons. Essas insatisfações são normais - concluiu.