Adversários neste domingo na partida entre Corinthians e Flamengo, às 16h (de Brasília), na Arena Corinthians, pela 11ª rodada do Brasileirão, os técnicos Fábio Carille e Jorge Jesus já se cruzaram no futebol, mais especificamente na Arábia Saudita, em novembro do ano passado, pelo torneio local.
Treinador de um dos times mais ricos do país, o Al-Hilal, Jorge Jesus não teve dificuldades para vencer o time de Carille, o Al-Wehda. A vitória por 3 a 0, fora de casa, com todos os gols marcados no primeiro tempo, foi a 13ª vitória seguida de sua equipe na ocasião. Jesus só conheceu sua primeira derrota pelo clube quatro rodadas depois, já em dezembro.
Os gols do jogo foram marcados por Al Faraj, Al Dawasari e pelo brasileiro Carlos Eduardo. Ex-jogador do Porto, o meia de 29 anos vê semelhanças nos trabalhos do português e do brasileiro.
– São treinadores parecidos na forma como estudam o jogo, como trabalham taticamente. A diferença nessa partida foi que conseguimos fazer uma pressão muito grande na saída de bola e acabamos aproveitando as oportunidades que tivemos para marcar os gols. Tenho certeza de que vai ser um bom duelo de ótimos treinadores que vão se estudar muito antes da partida – projetou.
Diferenças entre os clubes
Quando as primeiras notícias sobre a saída de Fábio Carille do Corinthians apareceram, em maio de 2018, o Al-Hilal era apontado como o destino. Dias depois, porém, ele fechou com Al-Wehda, que havia recém-subido para a Primeira Divisão. Jorge Jesus, ex-Sporting, foi a escolha do Al-Hilal.
Na época, era o o ministro Turki Al-Sheikh quem dava as cartas no futebol saudita, definindo para onde cada profissional contratado iria. Um dos times mais fortes do país, o Al-Hilal brigou pelo título até a última rodada do campeonato, perdendo a taça para o Al-Nassr por apenas um ponto.
Além de Carlos Eduardo, o time de Jorge Jesus contava com alguns jogadores da seleção saudita e também com o atacante André Carrillo, da seleção peruana. Juntos, foram campeões da Supertaça contra o Al Ittihad.
– O Al-Hilal tinha um elenco superior, era o melhor time da Ásia. Fizeram três gols no primeiro tempo e depois administraram. Tivemos algumas chances, mas não conseguimos. Era um time muito bem treinado. Mas foi um bom jogo, com casa cheia – lembra Mauri Lima, que era preparador de goleiros do Al-Wehda na ocasião.
Fim do sonho das Arábias
Para Carille, a passagem pela Arábia Saudita durou seis meses. Seduzido pelo interesse do Corinthians em contar com seu retorno em 2019, o treinador voltou ao país no fim de 2018, após o Timão pagar sua multa, de valor próximo a R$ 3 milhões – o Al-Wehda acabou na sétima posição.
Fabio Carille no Al-Wehda — Foto: Divulgação
Jorge Jesus durou um mês a mais na Arábia Saudita, deixando o clube no fim de janeiro por divergências contratuais. Foi substituído pelo croata Zoran Mamic e, em abril, pelo brasileiro Péricles Chamusca.
Curiosamente, o nome de Fábio Carille foi sondado recentemente para o cargo no Al-Hilal na nova temporada que se inicia, mas uma proposta nunca chegou a ser oficializada. Em junho, o romeno Razvan Lucescu, filho de Mircea Lucescu, ídolo do Shakhtar Donetsk, foi contratado pelo clube.
Apesar de eliminação, início de Jesus é promissor
Jorge Jesus só voltou a trabalhar em junho, quando aceitou o convite do Flamengo para substituir Abel Braga. Anunciado em 1º de junho, desembarcou definitivamente no país no dia 17 e comandou seu primeiro treino três dias depois.
O trabalho, no entanto, começou muito antes. Jorge Jesus opinou sobre reforços, gramados do CT e do Maracanã, estrutura... Com o time, adotou um novo esquema (4-1-3-2), mudou a rotina de treinos, prometeu uma equipe intensa e caiu nas graças da torcida.
O início é promissor, com boas atuações. A goleada por 6 a 1 sobre o Goiás, no domingo, foi uma exibição de gala. Em pouco tempo, no entanto, Jorge Jesus já tem uma mancha na passagem pela Gávea. Na quarta, o Flamengo foi eliminado nas quartas de final Copa do Brasil, nos pênaltis, pelo Athletico-PR, dentro do Maracanã, com quase 70 mil torcedores. Nada, no entanto, que afete seu prestígio. A eliminação não respingou no português, que ainda não completou um mês de trabalho com o elenco do Flamengo.