Tite mal conversou com os jogadores da seleção no vestiário da Arena Kazan, depois da derrota para a Bélgica, nas quartas de final da Copa do Mundo. Mas na despedida do grupo no hotel, no dia seguinte, agradeceu a todos, atletas e comissão técnica, pelo esforço. O título na Rússia não veio, mas a sensação de dever cumprido e a avaliação de que a equipe correspondeu às expectativas manteve o horizonte aberto para alguns nomes do grupo: apesar de pouco cotados para o próximo Mundial, se ainda sonham em ser campeões pela seleção principal, existe uma chance na Copa América do ano que vem.
Entre os jogadores, existe a confiança de que Tite seguirá no cargo de treinador. E caso o técnico corresponda ao interesse manifesto da CBF de mantê-lo, as mudanças no grupo da seleção deverão ser mais graduais do que foram depois de outras Copas, quando a seleção trocou de comando. Não foi à toa que ninguém, nem os mais velhos da seleção, descartaram permanecer à disposição nas convocações.
- Não me despeço da seleção, mas também não sei se vou estar na próxima Copa do Mundo. Se eu estiver bem até lá, tudo bem - frisou o zagueiro Miranda, perto de completar 34 anos.
Não é o caso do jogador, campeão da Copa das Confederações de 2009, mas outros nomes pouco cotados para estarem na Copa do Qatar, em 2022, nunca conquistaram um título pela seleção principal. Cássio, Fagner, Geromel, Fernandinho, Renato Augusto, Willian e Taison, uns mais, outros menos, possuem chances de seguirem no grupo em um primeiro momento. Renato Augusto, jogador de confiança de Tite e um dos líderes da equipe, e Willian, titular na Rússia, devem se manter nas próximas listas - a seleção já voltará a jogar em setembro.
Se Tite permanecer no comando da seleção e ainda apostar nesses jogadores, dará a chance deles se redimirem ao menos um pouco da decepção na Rússia com um título dentro de casa. Renato Augusto, medalha de ouro nos Jogos de 2016 dentro do Maracanã, sabe qual é o sabor de dar uma volta olímpica diante de sua torcida.
- Acredito que o Tite vai ficar, ele tem todo respaldo para isso. Ele terá mais tempo para trabalhar, todo mundo sabe que um ano à frente da seleção é diferente de um ano em um clube - ressaltou o meia do Beijing Guoan, da China.
No último ciclo voltado para um Mundial, tocado por Dunga em 2014, a primeira convocação teve dez jogadores que haviam disputado o Mundial no Brasil, marcado pelo vexame do 7 a 1 para a Alemanha. Na Copa América do ano seguinte, o treinador diminuiu um pouco o número - levou oito jogadores que terminaram a Copa do Mundo em quarto lugar.