Jamyle Kimberrlis Kuwogoreudo, atacante da seleção feminina do estado de Mato Grosso viajou, pela primeira vez. Ela levou o filho de apenas um ano de idade junto. Tudo em busca do sonho de ser campeã de um torneio tão importante.
Representante da etnia Bororo, povos originários do Mato Grosso, ela viajou mais de 1500 quilômetros e foi a São Paulo para disputar o Favelão.
Aliás, de acordo com a jogadora, estar na capital paulistana disputando a segunda etapa do maior torneio de futebol entre favelas do mundo, idealizado pela Central Única das Favelas (Cufa), é sinônimo de superação e quebra de alguns preconceitos.
“O principal desafio para mim, com certeza, foi o preconceito do homem branco. Era muito difícil sair da aldeia para jogar na cidade, porque os indígenas não têm esse costume e ainda tinha que enfrentar o preconceito. Somente em 2017, quando as crianças começaram a estudar fora [da aldeia], é que esta vivência começou a ser experimentada pelo meu povo e eu pude sair um pouco mais para jogar”, revelou a atacante.
Amante do futebol
Jamyle começou a jogar bola na aldeia Bororo aos seis anos. A indígena revela que na época jogar com os meninos era quase uma regra por ser a única menina amante do futebol, e foi assim que aprendeu o esporte. Com o passar dos anos, a atacante de Mato Grosso se tornou fã de Marta, eleita seis vezes a melhor jogadora do mundo. Também é fã do atacante Neymar.
“A Marta e o Neymar são as minhas maiores referências no futebol, mas espero que, assim como eu, outras meninas nunca desistam dos seus sonhos e coloquem a fé e o pensamento positivo na frente dos obstáculos, porque um dia vamos chegar aonde queremos”, finalizou Kuwogoreudo.