O Badminton chegou ao Piauí há um pouco mais de seis anos, a partir de uma ideia visionária de um ex-atleta que carrega consigo a frustração de não ter sido um competidor olímpico. Em 2005, Francisco Ferraz saiu do Paraná com o objetivo de implantar o esporte no estado, e trouxe na bagagem uma série de preconceitos e descrenças, que teve de enfrentar.
No primeiro momento a intenção era massificar o esporte para torná-lo conhecido contando apenas com o apoio do governo do estado. Em poucos anos, foi possível perceber a força desse grande projeto com engajamento social, que logo mostrou a que veio. Hoje o projeto atende a 18 núcleos que estão implantados em toda grande Teresina, encontrados nas fundações Nossa Senhora da Paz e Valter Alencar, nas escolas Joca Vieira, Eurípedes de Aguiar, IFPI, Escolão do Mocambinho e nos bairros Parque Piauí, Santo afonso, Esplana e no Monte Castelo. Contemplam também as cidades do interior, como Luzilândia, Madeira, Piracuruca, e em 2012 se estenderá ao município de Parnaíba, onde atuará junto com o projeto SESI- Atleta do Futuro, que será ramificado para outras localidades do estado. A
ASCENSÃO DO ESPORTE
No ano de 2010 a federação realizou o primeiro campeonato Sul-americano de Badminton em Teresina, onde foi possível que a população tomasse contato com esse novo esporte, que teve transmissão ao vivo durante toda a competição. Nos últimos anos alguns atletas como a Tainara Silva, Vinicius Evangelistas, Andreza Miranda e Ismael Silva, foram responsáveis pela inserção do esporte no cenário nacional e até internacional.
A Federação de Badminton do Piauí conta com atletas ranqueados em todas as categorias, e tem o atleta Lucas Alves como o melhor do Brasil na categoria júnior, e que está trazendo o recente Bicampeonato no Sul-americano.
O BRILHO DE UMA PELÍCULA
O coordenador do projeto, Francisco Ferraz compara o Badminton à uma película, onde no começo tudo é muito simples, reduzido. Considera que hoje o esporte é um curta-metragem, que tem impacto, e que exigiu pra ser o que é mais maturidade, formação, os melhores atores e os melhores profissionais, algo que ele acreditava desde o começo que aconteceria.
O RECONHECIMENTO DO COB
As finais dos Jogos Escolares 2011, que aconteceram em outubro deste ano foram responsáveis pela homenagem honrosa que o esporte receberá dia 19 de dezembro, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. A participação de piauienses em todos os pódios da competição atraiu o interesse do Comitê para saber de onde eles eram, e onde treinavam.
E assim, sigilosamente, o comitê esteve no final do ano analisando o projeto, visitando os núcleos, até concluir, ontem, que a merecida homenagem do Comitê Olímpico Internacional viria para o projeto de responsabilidade social do Badminton.
O PIAUÍ TOMA CONTA DO CENÁRIO
Honrosamente, o Piauí ocupa pela segunda vez o cenário das premiações do COB. Em 2009, a eleição do Melhor Atleta do Ano contou a participação da Sarah Menezes, do judô, que trouxe o troféu para o estado. E em 2011 o Piauí destaca-se novamente, agora com melhor projeto de responsabilidade social, disputado com outros grandes como Rexona Ades, Vale, entre outros.
E isso é uma prova que o estado é uma terra fértil e que só tende a crescer quando o assunto é esporte. Para Ferraz, o Badminton conseguiu crescer 12 anos em seis, e que esta homenagem é uma consagração de um trabalho que se acreditou desde o início.
A RECEITA QUE DEU CERTO
E chega o momento de todos se perguntarem por que, em tão pouco tempo o Badminton, com apenas seis anos no estado conseguiu chegar a um patamar que outras federações passaram mais de 20 anos para alcançar, como a de judô que revelou a pouco tempo a primeira atleta olímpica do estado. A receita do coordenador do projeto foi tentar fazer com que o atleta chegasse onde ele não chegou, e isso de maneira que atendesse as necessidades de todos os envolvidos e não apenas os interesses pessoais. Para ele, o Piauí tem gente de conteúdo para ser campeão mundial, e que o esporte piauiense poderia está há dez anos do que é hoje, explica Ferraz.
UMA BASE QUE VALE OURO
Os nomes que destacaram nos últimos anos saíram do projeto que é focado na base. Atletas como o Lucas Alves, que está desde o começo, hoje tem pretensões olímpicas. O projeto de base é voltado para atletas de até 12 anos de idade, e o coordenador explica a importância de se investir nele: ?As crianças nessa faixa aprendem a amar, a gostar do esporte novo, e isso possibilita que elas não venham a desistir lá na frente?.
Dois a cada dez atletas permanecem no esporte depois de certo tempo, e a intenção é que pelo menos nove dos 18 que estão treinando atualmente, fiquem até a categoria Sub-19 de alto rendimento. Ferraz antecipa alguns nomes e destaca as características de cada um, considerando que em um futuro breve poucos atletas no Brasil os baterão:
- Fabrício Farias, 11 anos- tem paixão pelo esporte, é perseverante, e tem dificuldade em perder
- Samia Lima, 11 anos-muito dedicada
-Juliana Viana, 7anos- talento inato, já nasceu para o esporte, é empenhada e não suporta perder -Sania Lima, 9anos- tem muito talento, assim como o Jesus Lima,6, e seu irmão Moisés Lima, 8.
A PROCURA DA MÃO CERTA
O esporte é o principal foco de investimentos no mundo, e no Brasil, as próximas competições internacionais atenuou o processo. Não faltam exemplos de que no Piauí o esporte também dá certo e o que falta, dentre outras coisas, é uma secretária com maior desenvolvimento esportivo. No Piauí não era pra existir só um Lauro Filho, uma Sarah, um Lucas Alves, um Rômulo.
Era pra ter muito mais atletas no cenário nacional. A falta de gestão, dificuldades de gerenciamentos, falta de fontes de investimentos, pouca formulação de projetos, a frágil confiabilidade no esporte, o pouco incentivo das escolas particulares e do poder públicos, são um dos muitos fatores que geram a errônea descrença total no esporte piauiense.