Nesta segunda-feira, 13 dias após a queda do avião que levava a Chapecoense para a final da Copa Sul-Americana, o zagueiro Neto foi informado pelos médicos do acidente aéreo em que foi um dos seis sobreviventes. Além disso, o goleiro Follmann deixou a Colômbia e foi transferido para o Brasil. Os dois colegas de equipe ainda conseguiram conversar no hospital na cidade de Rionegro, antes da viagem do arqueiro.
“Nós passamos com o Follmann em frente ao gabinete dele e abrimos a cortina, eles se falaram. Ele falou uma coisa bem interessante para o Follmann: "Comemore a vida. Nós somos sobreviventes, comemore a sua vida" - disse o médico Carlos Mendonça.Neto foi o último sobrevivente a ser resgatado, cerca de oito horas depois da queda do avião. O zagueiro ainda se recupera de lesões pelo corpo e de uma infecção pulmonar. No entanto, o jogador não tem mais febre e está há mais de dois dias respirando sem aparelhos. O seu retorno ao Brasil será decidido nos próximos três dias”, declarou.
O médico Carlos Mendonça também foi o responsável por contar a Neto da morte de seus companheiros de Chapecoense no acidente. O ortopedista afirmou que o defensor já tinha sonhado com a queda do avião.
“Nós já estávamos há alguns dias com dificuldades com o Neto. A todo momento, ele perguntava. Ele estava desconfiando, porque tinha muitas lesões, que não eram compatíveis com um jogo de futebol. Isso estava gerando um transtorno para a família, principalmente para a esposa. Combinamos com a psicóloga do hospital que contaríamos. Eu sabia da história da noite anterior, que ele tinha tido um sonho com a queda da aeronave, acordou assustado, pensou em não ir viajar. Eu comecei por aí: "Neto, não foi um sonho. Realmente aconteceu". A todo momento ele perguntava: "Fulano, também estava?" Ele chorava, perguntava por todos. Eu falei para ele de todos, comentei detalhes. Esse momento, ele vai ter que passar. Não tem como tirar esse momento dele. Ele vai chorar e vai sofrer como todos nós choramos e sofremos”, disse.
TRANSFERÊNCIA DE FOLLMANN
O goleiro Jackson Follmann ficou aliviado ao pousar no Brasil, segundo o ortopedista da Chapecoense, Marcos Nagli. O voo que trouxe o jogador deixou Medellín na tarde de segunda-feira (12) e fez uma escala em Manaus às 20h30, chegando a São Paulo já na madrugada de terça-feira (13).
"Ele não tinha expressão. A única coisa que eu vi foi que ele soltou o ar. Ele estava segurando na hora do pouso e, quandou pousou, ele soltou um pouco o ar. Então, sem dúvida, uma sensação de alívio", afirma Nagli. Segundo o médico, o goleiro ficou acordado durante todo o trajeto.
O avião, equipado com uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), pousou no Aeoporto de Congonhas à 0h20. Um dos seis sobreviventes do acidente aéreo que matou 71 pessoas no fim de novembro na Colômbia, o jogador de 24 anos teve parte da perna direita amputada e irá seguir tratamento no Hospital Albert Einstein, na Zona Sul da capital.
O jogador foi levado para o hospital de ambulância e chegou ao complexo cerca de 1 hora após seu avião pousar em São Paulo.