Os dez primeiros dias da terceira era Luiz Felipe Scolari no Palmeiras foram os melhores possíveis para o treinador de 69 anos. Em meio a jogos importantes de Libertadores e Copa do Brasil, Felipão optou por rodar o elenco e usar reservas contra o Vasco, neste domingo, em seu primeiro jogo como técnico palmeirense na nova arena.
Não só venceu (1 a 0), como viu jogadores importantes ressurigem:
• Lucas Lima criou do nada a jogada do único gol do jogo;
• Deyverson fez seu primeiro gol em jogos oficiais no ano;
• Mayke voltou a aparecer como um importante desafogo pela direita.
O único a destoar – e que ainda não conseguiu retomar as boas atuações – foi Jean, claramente sem ritmo de jogo. Já o estreante Gustavo Gómez pode ser útil como zagueiro mais posicional – aquele que guarda posição e não sai à caça dos atacantes –, ou seja, a princípio, um reserva para Edu Dracena.
O mais importante para Felipão no momento é ver a quantidade e a qualidade do elenco. Na Libertadores, só uma atuação desastrosa em casa fará com que o Palmeiras seja eliminado pelo Cerro Porteño, após a ótima vitória por 2 a 0 no Paraguai, na última quinta. No Brasileirão, a distância para o líder São Paulo é de oito pontos, ainda com muita coisa por vir (20 rodadas). E na Copa do Brasil, a próxima "decisão" é na quinta: o jogo da volta contra o Bahia, pelas quartas de final, no Pacaembu, após um 0 a 0 em Salvador. Ou seja: basta uma vitória simples e em casa contra um time que vem lutando contra o rebaixamento no Brasileirão.
Felipão é o que o futebol conhece como "macaco velho". Não vai para as entrevistas coletivas com estatísticas decoradas porque sabe que esse showzinho midiático não vale nada no lugar mais importante, o vestiário. E não se engane: com o estudioso Paulo Turra ao seu lado, uma comissão técnica (fixa) experiente e uma estrutura de ponta, Felipão não tem nada de ultrapassado.
A primeira missão, cumprida com sucesso, era arrumar a casinha, mostrar que tem comando, não destroçando jogadores, mas levantando o astral, passando tranquilidade e confiança para quem não chegou a um clube do tamanho do Palmeiras por acaso.
A próxima fase é fazer os ajustes finos na equipe, que ataca no 4-2-3-1 e se defende no 4-1-4-1, mas ainda tem as linhas muito espaçadas e, muitas vezes, insiste na ligação com o centroavante.
O time não levou gols nos três jogos com Felipão, mas sofreu alguns sustos contra o Vasco, o que é absolutamente normal, levando-se em conta que Luan e Gómez nunca haviam jogado juntos. Thiago Santos, incansável no trabalho de tentar recuperar a bola, voltou a fazer boa partida, firmando-se como sombra para Felipe Melo.