Por 40 dias, o São Paulo ficou órfão de Lucas. Foram dez jogos sem seu melhor jogador. A ausência foi péssima para o Tricolor, que perdeu o rumo no Campeonato Brasileiro. Na noite deste sábado, time e jogador mataram a saudade um do outro e o resultado não poderia ser melhor. Diante de uma Ponte Preta apática, o camisa 7 comandou a vitória por 3 a 0, resultado que interrompeu uma série de três derrotas e recolocou o time perto da zona de classificação à Taça Libertadores da América. O Tricolor foi a 28 pontos e assume provisoriamente a quinta colocação. Neste domingo, no entanto, a equipe ainda poderá ser ultrapassada por Botafogo, que pega o Atlético-MG, em Minas, e Cruzeiro, que enfrenta o Coritiba, no Paraná.
Já a Macaca, que completou sua quarta partida sem vitória no torneio, já vê a zona de rebaixamento mais perto. O time estacionou nos 20 pontos e tem apenas quatro a mais que o Bahia, primeiro time do grupo dos quatro piores do Brasileirão. Neste domingo, a equipe campineira ainda poderá perder uma posição para o Santos, que enfrenta o Corinthians, na Vila Belmiro.
No próximo domingo, o São Paulo enfrenta o Corinthians, às 16h, no Pacaembu. Já a Ponte buscará a reabilitação contra a Portuguesa, sábado, às 21h, no estádio Moisés Lucarelli, em Campinas.
Lucas comanda vitória na etapa inicial
Com o zagueiro Rhodolfo suspenso, Ney Franco optou pela entrada de Edson Silva e surpreendeu ao cortar do banco João Filipe, que até então vinha sendo titular na zaga tricolor. Paulo Miranda, esquecido após a saída de Emerson Leão, voltou a ganhar uma chance. No meio, outra cara nova: Paulo Assunção, recém-contratado. Na Ponte Preta, Gílson Kleina ganhou os importantes retornos do meia Ricardinho e do atacante Rildo, que formou dupla com Roger, um dos artilheiros do campeonato, com sete gols. No setor de criação, Luan ganhou a disputa com Nikão e o time entrou em campo procurando valorizar ao máximo a posse de bola para fazer o tempo passar e tentar surpreender o Tricolor em algum contra-ataque.
Quando a bola rolou, o São Paulo iniciou no 3-5-2, com Paulo Assunção atuando como ala pela direita. Mas, como ocorreu nos últimos jogos, faltava inspiração na criação. Coube a Lucas resolver tudo. O atacante voltou endiabrado da Seleção e se mostrou inteiramente focado no Tricolor, apesar de já está vendido ao PSG, da França - ele só se apresenta depois do Brasileirão. A joia são-paulina partiu para cima, buscando resolver tudo em jogadas individuais. Aos 15, o esquema foi mudado para o 4-4-2. Paulo Miranda passou a fazer a saída pela direita e Paulo Assunção foi atuar em sua posição de origem na marcação. A mudança não mudou nada para o São Paulo, que seguia dependendo das investidas de Lucas.
Em uma delas, aos 21, o camisa 7 foi atropelado por Somália no meio-campo. Na cobrança de Jadson, o atacante Roger colocou a mão na bola dentro da área e cometeu pênalti. Avisado pelo auxiliar que fica atrás do gol, o juiz Rodrigo Guarizo do Amaral assinalou a infração, que foi bem cobrada por Rogério Ceni, no canto esquerdo de Edson Bastos: 1 a 0 São Paulo.
A Ponte Preta respondeu logo em seguida em cobrança de falta de Ricardinho, que quase encobriu Rogério Ceni. Precavido, o camisa 1 espalmou por cima do gol. Logo depois, aos 25, o Tricolor encontrou o segundo gol. E foi um golaço. Lucas avançou pelo meio, tabelou com Ademilson, recebeu de volta e de pé direito, mandou no canto direito de Edson Bastos: 2 a 0 e festa para o craque, que desde o início do jogo, era ovacionado pelo torcedor. Após esse lance, a Ponte apagou, abrindo ainda mais espaços para o São Paulo, que ainda perdeu a chance de ir para o intervalo com três gols de vantagem, quando Jadson desperdiçou jogada.
São Paulo controla jogo no segundo tempo
Irritado com a fraca apresentação de sua equipe na etapa inicial, Gílson Kleina fez duas alterações na Ponte. Somália deixou o campo para a entrada de Lucas. No setor de criação, Bruno Sabino entrou na vaga de Luan. O time campineiro até conseguiu sair para o jogo para tentar, ao menos, diminuir a desvantagem. O São Paulo, por sua vez, reduziu a velocidade da etapa inicial e passou a esperar o rival para matar o jogo no contra-ataque.
Preocupado com o fato de Lucas ter tomado um cartão amarelo no primeiro tempo, Ney Franco aproveitou que o jogo estava controlado e tirou o camisa 7 aos 15 minutos. Osvaldo, recuperado de lesão muscular, entrou no seu lugar. Depois, João Schmidt entrou na vaga de Denilson, que também já havia sido advertido. Na Macaca, Gilson Kleina fez a terceira alteração, trocando um zagueiro pelo outro: saiu Diego Sacoman e entrou Ferron.
O jogo caiu muito no segundo tempo. O São Paulo, satisfeito com o placar, tocava a bola e esperava o tempo passar. A Ponte, por sua vez, não tinha qualidade para levar perigo ao gol defendido por Rogério Ceni. Aos 21, Ney Franco fez sua terceira alteração: Cícero no lugar de Cortez, que tomou o terceiro cartão amarelo e não enfrenta o Corinthians. João Schmidt foi para o lado esquerdo da defesa.
O jogo se arrastou até os 32, quando o Tricolor criou dois ataques em sequência. No primeiro, Maicon recebeu de Ademilson e chutou em cima da zaga. No segundo, o gol de Osvaldo só não ocorreu porque Edson Bastos defendeu com o pé esquerdo. A Macaca só foi chegar aos 31, quando Roger apareceu na frente de Ceni, mas errou o algo, chutando à esquerda do goleiro.
Mas o grande lance da partida estava guardado para o final. Aos 42 minutos, o atacante, em linda jogada individual, deixou três marcadores para trás e soltou a bomba de direita, da entrada da área. A bola entrou no ângulo. Foi o golpe de misericórdia do Tricolor sobre a Ponte.