Ainda na primeira coletiva como técnico profissional, Cléber Xavier já demonstrou que não tem receio de rever suas posições. Ao ser questionado sobre Neymar, o novo treinador do Santos reconheceu que errou ao duvidar do retorno do jogador ao futebol brasileiro. Para ele, o cenário parecia improvável, especialmente diante da recuperação de lesão no Al-Hilal e do desejo declarado do atleta de voltar à Seleção Brasileira.
"Errei, né. Eu imaginava uma coisa e aconteceu outra. Quando eu falei no momento, ele estava voltando em recuperação no Al-Hilal, e eu achava que eu continuaria lá, a preparação dele, com a intenção de voltar à Seleção. Errei. Mas ele voltou para o clube que ele ama, voltou feliz. Dentro do clube, os atletas estão muito felizes com a chegada dele, a comissão idem", respondeu Cléber Xavier.
Agora, no entanto, a realidade é outra: Neymar está de volta ao Santos, clube que o revelou para o mundo, e, mesmo sem atuar em campo, exerce uma liderança natural dentro do vestiário algo que Cléber valorizou logo nos primeiros contatos.
Para Cléber, Neymar não representa problema algum, pelo contrário. Ao longo dos seis anos e meio de convívio na Seleção, o técnico afirma ter testemunhado profissionalismo, dedicação e influência decisiva, dentro e fora de campo. O reencontro dos dois ocorreu já no primeiro dia do novo comandante na Vila Belmiro, com troca de palavras que evidenciaram o respeito mútuo.
Foi o primeiro jogador que eu encontrei ontem, quando cheguei ao clube. A gente se cruzou e já se falou. Ele me disse, por exemplo, que está feliz por estar com ele, e eu feliz por estar com ele também.
Neymar fora de campo: ativo valioso para o elenco
Mesmo lesionado, o atacante tem participado da rotina do clube e interagido com o grupo. Cléber enxerga isso como essencial em um momento em que o Santos enfrenta enorme pressão, tanto na Série A do Brasileirão quanto na Copa do Brasil, torneios onde a margem de erro é mínima.
Segundo o técnico, o craque ajuda a manter o ambiente leve e, ao mesmo tempo, competitivo. Sua postura vem sendo elogiada internamente, principalmente pela forma como incentiva os colegas e se mantém presente no dia a dia santista, mesmo sem previsão de retorno aos gramados.
O peso de Tite e o início de uma nova trajetória
Embora a presença de ex-companheiros da comissão de Tite gere burburinho entre os torcedores, Cléber fez questão de deixar claro que agora caminha com as próprias pernas. A longa parceria com o ex-treinador da Seleção, com quem dividiu bancos de reservas por 24 anos, se tornou um pilar da sua formação, mas ele garante que a decisão de seguir carreira solo já estava tomada desde outubro do ano passado.
O reencontro com Neymar, portanto, não representa apenas uma coincidência de trajetórias. Marca também o início simbólico de um novo capítulo, onde Cléber busca se afirmar como comandante sem apagar o passado, mas sem se prender a ele.
Estreia, reconstrução e paciência
A primeira prova já tem data marcada: nesta quinta-feira, o Santos enfrenta o CRB pela terceira fase da Copa do Brasil. Além da pressão por um bom resultado, Cléber também tem o desafio de reorganizar um time afundado na parte de baixo do Brasileirão.
O treinador pediu calma à torcida e reforçou que a reconstrução precisa ser feita com paciência. Reforços podem chegar, mas só após avaliação detalhada do elenco atual. A prioridade, no momento, é encontrar um modelo de jogo que potencialize os atletas disponíveis e devolva a confiança ao grupo.