Estádio Olímpico do Rio de Janeiro, ou pode chamar de pote de ouro do Brasil. Mais uma vez o atletismo levou o país ao lugar mais alto do pódio nos Jogos Paralímpicos de 2016, a terceira entre quatro até o momento. O herói do sábado foi Claudiney Santos, campeão no lançamento do disco F56, para competidores com lesão nos membros inferiores, com direito a recorde paralímpico e festa por antecipação. Os 45.33m alcançados ainda na primeira rodada foram suficientes para conquista.
Halterofilista, Claudiney teve que se reinventar para continuar no esporte após acidente de moto em 2005. Uma lesão na perna esquerda parecia ser a maior das sequelas, mas o agravamento da lesão já no hospital obrigou a amputação. Não demorou muito para conhecer o atletismo, meses depois, e canalizar a força de outra maneira: nos lançamentos de dardo e disco, e no arremesso do peso.
A medalha dourada em uma grande competição, entretanto, demorou para aparecer. Prata no lançamento do dardo em Londres 2012, Claudiney repetiu o resultado no Mundial de Lyon 2013 e ficou com o bronze no disco. Dois anos depois, o pódio se inverteu: prata no disco em Doha e bronze no dardo. Em casa, era hora que colocar um ponto final na final do quase.
- Essa medalha veio para coroar não só o meu trabalho como o de todo mundo que está comigo. O sentimento é de gratidão, realização de um sonho. Sempre procurei por essa medalha e não veio em Londres, bateu na trave. Em casa, o sabor é melhor ainda. Tive amadurecimento físico, mental, patrocinadores apoiaram. Tudo isso serviu para evolução - disse o campeão.
Último a lançar entre os dez participantes, Claudiney precisou de somente duas tentativas para assumir a liderança e atingir os 45.33m do recorde paralímpico. Na segunda rodada, o número de candidatos caiu para oito, mas o foco estava no cubano Leonardo Diaz, dono da melhor marca do ano até então, e de Alireza Nasseri, do Irã. Nenhum dos dois chegou nem perto. Aí, o ouro era questão de tempo.
Sereno, Claudiney viu os outros três adversários errarem um a um, bem longe de sua marca, e garantiu o título paralímpico quando o egípcio Ibrahim Ibrahim queimou suas três tentativas. O telão exibiu o resultado e a torcida fez a festa. O brasileiro ainda seguiu para os últimos três lançamentos, mas ao errar no primeiro abriu mão da prova para comemorar. É ouro! Mais um no Engenhão.