Dois jogos, quatro empregos em jogo. O placar de um clássico é tão imprevisível quanto o futuro dos treinadores que perdem ou ganham um jogo desses. Nesta quarta-feira (26), o São Paulo pega o Palmeiras, no Morumbi, e o Fluminense recebe o Flamengo, no Maracanã. Nem todos os treinadores envolvidos correm risco de demissão, mas, dependendo do que acontecer, até os mais fortes podem ficar na corda bamba após as partidas.
Entre os técnicos, três ?novatos?, ou, pelo menos, com muito chão pela frente na carreira: Ricardo Gomes no São Paulo, Parraga no Palmeiras e Rogério Lourenço no Flamengo. E outro já velho de guerra, resmungão e vencedor, mas que ainda precisa provar que há vida longe do São Paulo, onde foi tricampeão brasileiro: Muricy Ramalho.
O mais experiente do grupo, Muricy chegou ao Fluminense no dia 27 de abril. Logo de cara foi eliminado da Copa do Brasil pelo Grêmio. No Campeonato Brasileiro, perdeu o último jogo para o Corinthians, no domingo (23), por 1 a 0, e a 13ª posição não anima os torcedores. Só uma vitória no clássico contra o Flamengo para apagar momentaneamente as desconfianças, que vêm desde a passagem ruim pelo Palmeiras, onde chegou com prestígio em 2009 e foi embora sem títulos e sem vaga na Libertadores em 2010.
Do outro lado, porém, o adversário também terá um comandante pressionado. Depois de assumir o Flamengo logo antes das oitavas de final da Libertadores e conseguir eliminar o Corinthians da competição, o time do técnico Rogério Lourenço caiu na etapa seguinte, vítima da Universidad de Chile. O técnico novato foi do céu ao inferno em menos de um mês de carreira.
O resultado disso é que Lourenço ainda vive na incerteza no Rubro-Negro. Conta com o apoio da presidente Patrícia Amorim, mas a eliminação nas quartas de final da Libertadores o deixou em situação delicada. O resultado do clássico com o Fluminense pode fazer com que seu futuro seja definido de vez. Ou vira o treinador ou abre espaço para um profissional mais experiente assumir a equipe.
Perto do que vive o colega no Rio, a situação de Ricardo Gomes no São Paulo é até bem confortável. O treinador vem de três ótimos resultados: duas vitórias sobre o Cruzeiro, pela Libertadores, e uma em Porto Alegre sobre o Inter, no Brasileiro, mas que foi interpretada como uma prévia da semifinal entre as duas equipes no torneio continental. Gomes tem o apoio do elenco e conta com o atacante Fernandão em ótima fase.
Só um detalhe ainda atormenta a vida do são-paulino: a falta de vitória em clássicos no ano de 2010. Perdeu para Portuguesa, Palmeiras, Corinthians e três vezes para o Santos no Campeonato Paulista. Nada como uma vitória sobre o Palmeiras, no Morumbi, para apaziguar os ânimos dos torcedores e dirigentes mais reclamões.
No entanto, se depender de Parraga, o técnico tampão do Palmeiras, o jejum de Gomes será ainda maior. Depois de substituir Antonio Carlos e assumir um time em crise, assustado pela briga do ex-técnico com o atacante Robert, Parraga ficou com a bomba nas mãos. A vitória contra o São Paulo pode efetivá-lo no cargo. Uma derrota deve fazer com que o novato volte para o Palmeiras B, de onde saiu depois de levar a equipe para a Série A-2 do Paulistão.
Resta agora saber se a rodada de quarta-feira vai consagrar novatos ou fazer um veterano renascer para o futebol brasileiro.