CBF lançou nesta semana uma ofensiva para tentar barrar a instalação da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que pretende investigar as contas da entidade. Desde anteontem, dirigentes da confederação negociam com presidentes de federações estaduais e deputados federais em Brasília para esvaziar o requerimento de abertura da comissão.
Na noite de anteontem, o deputado federal Romário (PSB-RJ) protocolou o documento para a instalação da CPI após obter 184 assinaturas. Ele precisava conseguir o apoio de, no mínimo, 171 parlamentares.
O presidente da CBF, José Maria Marin, e seu vice, Marco Polo del Nero são os mais atuantes no contato com as federações estaduais.
Antes de embarcar para o Japão, onde acompanhará o Mundial de Clubes, Marin ligou para dezenas de presidentes pedindo que entrassem em contato com os deputados de suas regiões.
Com a CPI já protocolada, a CBF precisa que pelo menos 93 parlamentares retirem em bloco as suas assinaturas do requerimento para derrubar o pleito de Romário.
Nas conversas, Marin e Del Nero cobravam solidariedade dos cartolas aliados.
Em julho, Marin levou mais de uma dezena de presidentes de federações para os Jogos Olímpicos de Londres com todos os custos bancados pela confederação.
No pacote do chamado "voo da alegria", os cartolas tinha direito a levar acompanhante, hospedagem no exclusivo hotel que serviu de concentração ao time de Mano Menezes e a assistir aos jogos nos estádios britânicos.
Além dos telefonemas, o representante da CBF em Brasília, Vandenberg Machado, passou o dia em contato com deputados, também trabalhando para impedir a implantação da comissão.
A CPI pretende devassar as contas da entidade. O contrato firmado entre a CBF e a TAM será o principal ponto da investigação da CPI.
O caso foi revelado pela Folha em outubro. A reportagem mostrou que empresas de Wagner Abrahão, amigo de Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, recebiam o dinheiro do patrocínio.
Há mais de dez anos, com a seleção em crise, a CBF foi investigada por duas CPIs.
Na do Senado, o então presidente da entidade, Ricardo Teixeira foi acusado, entre outros crimes, de apropriação indébita dos recursos da confederação, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro.