Quem dera se realmente fosse uma história de "faz de conta". O acidente aéreo que levava a delegação da Chapecoense para a final da Copa Sul-Americana fez o mundo todo se abraçar em luto. Enquanto os adultos buscam superar a tragédia, muitas crianças ainda tentam entender o que aconteceu com seus ídolos, como Danilo, Cleber Santana, Thiego...
O desafio de relatar os acontecimentos para as crianças foi o foco de uma reportagem publicada na edição de dezembro da revista informativa da Chape. O texto apresenta o acidente de uma maneira lúdica, em que os jogadores, comissão técnica, dirigentes e imprensa são convocados para uma partida no céu.
- Estava para acontecer um campeonato de futebol muito importante e decisivo num lugar que vai além de onde nosso olhos alcançam: o céu. Nesse lugar já havia vários atletas lendários, com currículo vasto de conquistas e participações em grandes finais. Deus, o responsável por convocar o time para o campeonato, no entanto, queria jogadores que fugissem do estrelismo. Ele estava de olho, há algum tempo, no time de uma cidade que estava vivendo um momento de êxtase. Eram modestos, mas cheios de ambições - diz a publicação.
Mesmo com o acidente, o departamento de comunicação do clube decidiu manter o informativo.
- Foi a nossa forma de honrar o Cleberson e o Giba (assessores de imprensa do clube), que se dedicaram tanto à revista. Então nos reunimos para a reunião de pauta e nossa gerente de marketing sugeriu que a história fosse contada a partir desta perspectiva, a da "convocação para jogar no céu" - conta Alessandra Lara Zuanazzi Seidel, estagiária do departamento de comunicação da Chapecoense e responsável pelo texto.
- Queríamos fugir um pouco da tragédia. E, mais do que isso, queríamos uma forma de homenagear a todos, exaltar as qualidades, as boas lembranças que temos de cada um que se foi. E também acalentar quem ficou, principalmente os pequenos. Se o acidente foge do nosso próprio entendimento, imagina o que passa na cabeça deles? - completou ela.
CONFIRA OUTROS TRECHOS DA PUBLICAÇÃO:
[...] Comissão técnica, diretoria, atletas, torcida! Aquele clube vivia uma sinergia tão precisa que era quase utópica. Havia, neste grupo, uma figura emblemática, que afirmava, sempre que as oportunidades surgiam, que “do roupeiro ao presidente, todos tinham a mesma importância”. Acho que por essa humildade e união, que saltavam aos olhos de qualquer um, esse time tinha tudo para ser escolhido. Além disso, os atletas jogavam como crianças que brincam. Tinham alegria nos pés e a bola era como uma amiga íntima. [...]
[...] O troféu que ergueram tinha um valor imensurável. Custou um preço alto, é verdade, mas rendeu muito mais do que se podia sonhar. O título conquistado foi capaz de mostrar ao mundo que rivalidades devem durar apenas 90 minutos. Serviu para promover a solidariedade, o amor, o carinho e a união. Sim, a união. Provavelmente o maior propósito de tudo isso. [...]
[...] E se antes de dormir, você prestar bastante atenção, vai ouvi-los no vestiário, batendo as portas dos armários e cantando o inesquecível "vamos, vamos Chape". Estão comemorando. Felizes. Fazendo o que amam. "Do roupeiro ao presidente".