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CBF quer usar sistema de impedimento semiautomático com celulares pelo estádio; entenda

Modelo da Premier League usa cerca de 30 iPhones para gerar réplica digital do jogo e promete decisões rápidas e precisas; CBF negocia implantação no Brasileirão 2026

Equipamento utilizado pelo sistema da Genius de impedimento semiautomático | Foto: Divulgação
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A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) avalia adotar, já no próximo Campeonato Brasileiro, um sistema de impedimento semiautomático semelhante ao utilizado na Premier League. O modelo, desenvolvido pela empresa britânica Genius Sports, promete mais agilidade e precisão nas decisões e o curioso é que tudo funciona com cerca de 30 aparelhos de celular espalhados pelo estádio.

A proposta vem sendo analisada desde agosto, e nesta semana o chefe da Comissão Nacional de Arbitragem, Rodrigo Cintra, viaja a Londres para acompanhar de perto o funcionamento da tecnologia e participar de novas reuniões com representantes da Genius.

Impedimento Semiautomático foi testado na Copa do Mundo de 2022 - Foto: Reprodução

Como funciona o sistema

De acordo com a empresa, são instalados iPhones 16 Pro, que devem ser atualizados para os modelos 17 Pro, em pontos estratégicos das arquibancadas. Esses aparelhos gravam toda a partida em resolução 4K, a 100 quadros por segundo, permitindo que o software gere uma réplica digital completa do jogo.

“Não existe imagem borrada no toque na bola, você pode ver todos os movimentos. Isso faz com que não precise de um chip instalado na bola”, explicou Harry Lennard, ex-bandeirinha e líder do projeto da Genius.

O sistema monitora milhares de pontos no corpo de cada jogador e, com o auxílio da inteligência artificial, identifica o exato momento do passe, além de determinar automaticamente qual parte do corpo do atleta está mais próxima da linha de fundo, seja o ombro, o pé ou outro ponto relevante para o lance.

Precisão e velocidade

Segundo Lennard, a tecnologia já é usada na Inglaterra, Bélgica e México, e tem mostrado resultados impressionantes.

“A cada fim de semana, na Premier League, há cerca de 250 impedimentos. O sistema, sozinho, tem 97,8% de acerto. É muito próximo de algo totalmente automático”, afirmou.

O executivo destaca que o processo é extremamente rápido. “Enquanto os jogadores ainda estão comemorando o gol, o sistema já está analisando o lance. Na maioria das vezes, as decisões ficam prontas em cerca de um minuto”, explicou.

Treinamento e instalação

Além de auxiliar nas partidas, o sistema também pode ser usado para treinar árbitros assistentes, permitindo que analisem suas posições e decisões com base nas imagens digitais.

Segundo Lennard, a instalação da estrutura completa leva cerca de quatro meses, incluindo a montagem dos equipamentos, treinamentos e testes operacionais. A Genius garante que pode preparar qualquer estádio em dois dias, mesmo que precise improvisar posições para as câmeras.

“Há um estádio na Bélgica que estava em reforma, e tivemos que colocar as câmeras em postes. Mas isso não afetou a qualidade”, disse Lennard.

Árbitros em treinamento na cabine do VAR  - Foto: Reprodução

Desafio para 2026

A intenção da CBF é implementar o sistema no início do Campeonato Brasileiro de 2026, o que representa um desafio logístico. Caso o acordo seja fechado, o Brasil se tornará o primeiro país da América do Sul a utilizar o mesmo padrão tecnológico da Premier League, marcando um passo importante na modernização da arbitragem nacional.

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