Tinga foi ofendido com festos e sons imitando macacos
A CBF pediu nesta sexta-feira à Conmebol a exclusão do Real Garcilaso da Copa Libertadores como punição pela atitude racista da torcida do time peruano contra o meio-campista Tinga. O pedido, assinado pelo presidente José Maria Marin, foi encaminhado ao presidente da entidade sul-americana, o uruguaio Eugenio Figueredo. Tinga, do Cruzeiro, foi ofendido com gestos e sons imitando macacos durante o jogo da última quarta em Huancayo e que o Real Garcilaso venceu por 2 a 1.
No ofício da CBF, palavras como exclusão ou eliminação não aparecem. Mas é essa a principal intenção. A entidade anexou ao documento a denúncia feita pelo Cruzeiro, que pede à Conmebol punição com base no artigo 12 de seu Regulamento Disciplinar - prevê desde a retirada dos três pontos ganhos pelo Real Garcilaso até a exclusão, passando por perda de mandos ou determinação de jogar com portões fechados.
A CBF conclama a Conmebol a "sancionar energicamente os responsáveis pelo lamentável evento, de modo a servir de exemplo que evite a reprodução de tais atos, rigorosamente punidos pelos regulamentos da Fifa".
Para a entidade brasileira, apenas sanções rigorosas evitarão a repetição de tais atos. "A punição de penas severas dará relevo à atuação da Conmebol como pioneira nessa iniciativa, certamente com reflexos mundiais", sustentou a CBF no ofício.
No entanto, como avalia que a eliminação pode ser encarada pelo Tribunal Disciplinar da Conmebol como "rigorosa demais", a CBF também ficará satisfeita se o Real Garcilaso for punido com a perda dos três pontos ganhos na última quarta.
INVESTIGAÇÃO
Nesta sexta, a Conmebol abriu uma investigação preliminar sobre o episódio. O processo não foi ainda para o Tribunal Disciplinar porque o árbitro venezuelano Jorge Argote simplesmente nada mencionou sobre os atos racistas na súmula. Segundo Caio César Rocha, presidente do tribunal, isso vai atrasar o processo. "O caso não seguiu direto para o tribunal por não haver nada relatado na súmula", disse Rocha. Ele não participará do julgamento por ser brasileiro.
Com a omissão, a investigação vai ser baseada em vídeos - e talvez no relatório do delegado, que não havia chegado à Conmebol até o início da tarde desta sexta, fato que também contribuiu para a decisão de se fazer investigação preliminar - e deverá ter prazo de uma semana. Depois, pode levar até 10 dias para o Tribunal julgar em primeira instância.
Como depois desse primeiro julgamento há possibilidade de recurso à Comissão de Apelações, um novo prazo de até 10 dias deverá ser estabelecido para uma sentença definitiva. Ou seja, o caso só deverá estar totalmente resolvido em março.
Caio César diz que o árbitro pode ser chamado para depor nas investigações, mas descarta punição pelo fato de ele ter ignorado os ataques contra Tinga em seu relatório. "Ele não é avaliado pelo trabalho disciplinar e sim técnico e nós somos juristas e não árbitros", disse, sobre a atuação do Tribunal Disciplinar.