A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) anunciou nesta segunda-feira (10) que o impedimento semiautomático será implementado a partir da primeira rodada do Campeonato Brasileiro de 2026, marcada para o dia 28 de janeiro. O anúncio foi feito durante a abertura do 1º Grupo de Trabalho de Arbitragem, realizado na sede da entidade, no Rio de Janeiro.
Durante o evento, o presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, Rodrigo Cintra, fez um discurso contundente sobre os desafios da arbitragem no país e afirmou que uniformizar critérios entre árbitros é algo utópico, especialmente em um campeonato longo e complexo como o Brasileirão.
“Uniformizar critério é utopia”
Em sua fala, Cintra destacou que a diversidade de interpretações é inevitável em um torneio com tantos profissionais e situações distintas ao longo da temporada.
“Temos uma das competições mais difíceis do mundo. Não é um torneio de 30 dias, é um campeonato de mais de 10 meses. Quando se fala de critério e não se busca conhecimento antes, estamos falando de algo utópico”, afirmou.
O chefe de arbitragem da CBF explicou que o país contou, só neste ano, com 32 árbitros diferentes atuando nas partidas da Série A, e que a uniformização total de critérios é inviável, já que se trata de decisões humanas.
“Uniformização de critérios é quase impossível quando falamos de seres humanos. Mas não podemos deixar de buscá-los. A aproximação de critérios é a primeira etapa”, completou.
Cintra reforçou ainda que os árbitros estão sendo preparados para adotar uma postura empática e consciente das expectativas de todos os envolvidos no futebol: clubes, federação e torcedores.
Nova tecnologia a caminho
Além do debate sobre critérios de arbitragem, a reunião marcou a confirmação oficial do uso do impedimento semiautomático no futebol brasileiro. A tecnologia, que já é utilizada em competições como a Copa do Mundo e a Liga dos Campeões, promete maior precisão e agilidade nas decisões sobre lances de impedimento.
A CBF apresentou o sistema em parceria com a empresa Genius Sports, que deve ser a fornecedora da tecnologia. O recurso utiliza sensores e câmeras 3D para rastrear a posição dos jogadores e da bola em tempo real, reduzindo o tempo de análise no VAR e tornando o processo mais transparente.
Compromisso com transparência
A criação do Grupo de Trabalho de Arbitragem foi uma iniciativa da CBF para aumentar a transparência e aprimorar os processos de tomada de decisão nas partidas. A proposta busca alinhar as práticas nacionais aos padrões da FIFA e da IFAB, entidades que regulamentam as regras do futebol mundial.
O encontro também contou com a presença do presidente da CBF, Samir Xaud, que destacou a importância de fortalecer a confiança na arbitragem e modernizar o futebol brasileiro.
Desafios e próximos passos
Com o avanço tecnológico e o debate sobre critérios, a CBF pretende dar mais consistência ao trabalho dos árbitros e diminuir as polêmicas em torno das decisões. No entanto, o próprio discurso de Cintra reforça que a busca pela perfeição ainda é um desafio em um esporte que depende, essencialmente, da interpretação humana.
A expectativa é de que, até o início do Brasileirão 2026, todos os árbitros da Série A passem por capacitação técnica e prática no uso do novo sistema de impedimento, marcando mais um passo da arbitragem brasileira rumo à modernização, ainda que, como lembrou Cintra, a uniformidade total siga sendo uma “utopia”.