Quem viu a tranquilidade de Cássio na disputa por pênaltis contra o São Paulo, no domingo, dificilmente imagina que o goleiro do Corinthians viveu sua primeira decisão do tipo como jogador profissional e que ele sequer gosta das penalidades máximas. Nesta segunda-feira, um dia após ajudar o Timão a se classificar para a final do Paulistão o goleiro relembrou os momentos de tensão da semifinal e admitiu que teve trunfos nos erros de Ganso e Luis Fabiano, que definiram o destino das duas equipes.
Com 1,95m de altura e uma envergadura de respeito, Cássio consegue assustar os adversários apenas com o porte físico. Foi assim com Paulo Henrique Ganso, que tentou tirar demais do goleiro e acabou chutando por cima do gol. O corintiano sabe que o respeito por ele aumentou nos últimos meses, e a disputa de pênaltis só favoreceu essa percepção.
? Acredito que o meu tamanho intimida bastante. O próprio Ganso falou que tentou tirar e acabou tirando demais. Ajuda mais a fazer a defesa ? afirmou o goleiro, em conversa.
? Minha altura ajuda muito, mas é importante ser ágil também. Um goleiro menor não chegaria com tanta força ou tão longe em um salto. Eu consigo chegar bem ? completou.
O goleiro do Timão não costuma treinar tanto as penalidades, já que acredita no instinto, no ?feeling?, para tentar evitar os gols adversários. Foi assim contra o São Paulo. Cássio disse conhecer apenas os estilos de Rogério Ceni, Luis Fabiano e Osvaldo, que nem cobrou pênalti por ter saído no início do jogo, machucado.
? Vi apenas alguns pênaltis, mas obtive informações sobre os batedores. É complicado, porque tem jogadores que mudam a batida, enquanto outros mantêm o estilo. Eu mesmo não gosto muito de treinar pênaltis, é o feeling que define na hora para onde devo saltar ? explicou.
Mesmo assim, Cássio não abriu mão das dicas da comissão técnica. Em sua primeira decisão por pênaltis como profissional, ele contou com a experiência de quem lhe ajuda no dia a dia para facilitar sua tarefa no Morumbi. Deu certo.
Acredito que o meu tamanho intimida bastante. O próprio Ganso falou que tentou tirar e acabou tirando demais. Ajuda mais a fazer a defesa"
Cássio
? O Mauri (Lima, preparador de goleiros) disse que eu tinha de tentar ir na bola cruzada, já que todo mundo estava cansado, com a perna inchada, e é mais fácil bater assim. Ajudou bastante, principalmente no pênalti do Luis Fabiano. São pequenas coisas que fazem a diferença ? comemorou o goleiro.
Apesar de ter brilhado quando o Corinthians precisou, Cássio não se mostra nada empolgado com a possibilidade de novas disputas por pênaltis. Com duas decisões contra o Santos e o jogo de volta das oitavas de final contra o Boca Juniors, no próximo dia 15, no Pacaembu, o Timão pode precisar mais umas vez das mãos salvadoras de seu goleiro para conseguir avançar na Libertadores e conquistar o estadual.
? Prefiro que tudo se decida no tempo normal, que a gente possa fazer grandes jogos e conseguir o título paulista e a classificação na Libertadores. Não gosto muito de pênaltis, acho meio injusto. Pode ser que o time jogue muito bem, e aí eu pego dois, três pênaltis e falam que sou herói. Herói é o time inteiro. Prefiro que todo mundo jogue bem no tempo normal e a gente possa avançar ? analisou o humilde Cássio.
Antes das decisões, o Corinthians terá uma semana inteira para treinos e ajustes finais. Recém-recuperado de uma fratura no punho esquerdo, Cássio espera utilizar o tempo livre para retomar o ritmo com maior rapidez e tentar fechar o gol alvinegro mais uma vez em decisões ? assim como fez na Libertadores passada, no Mundial e, claro, diante do São Paulo.