Brasileira multicampeã fará revanche no Rio contra musa da luta de braço

Após trocar a ginástica pela modalidade, Gabriela volta a encarar musa sueca em busca de reconhecimento no evento de Arnold Schwarzenegger

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O sonho de Gabriela Vasconcelos era o mesmo de muitas meninas na fase pré-adolescente: ser uma ginasta. E foi através dos saltos e piruetas que ela iniciou sua trajetória como atleta. Mas o fato de ser bem mais forte que as coleguinhas acabou levando-a para um caminho mais bruto e inesperado: a luta de braço, popularmente conhecida como queda de braço e braço de ferro. Um técnico da equipe do clube de Campinas onde a jovem, então com 12 anos, treinava propôs o desafio. Desde então, Gabi conseguiu a marca impressionante de 16 títulos mundiais em 13 anos de prática.

O currículo, porém, não é suficiente para que a atleta viva apenas de competições e treinamento. Aos 25 anos, Gabriela divide seu tempo com duas profissões, dando aula de ginástica olímpica e trabalhando também como professora de academia. No dia 28 de abril, entretanto, ela terá uma boa oportunidade de ajudar a divulgar a modalidade. Será uma das participantes de uma feira esportiva, no Rio de Janeiro, promovida pelo ator e ex-governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger.

- Espero que chame mais a atenção das pessoas. Temos muitos talentos que não são reconhecidos por conta da falta de espaço na mídia. Eu mesma nem conhecia o esporte antes de praticar, não é culpa de ninguém. Competir em um evento tão grande no Rio pode ser bom para chamar essa atenção das pessoas - disse Gabriela.

Assim como Gabriela, sua família também não conhecia a luta de braço e, por isso, a troca da ginástica pela disputa de força causou um estranhamento inicial, sobretudo em sua mãe. Mas com o tempo, todos tiverem que reconhecer que a menina forte, de fato, levava jeito para aquela disputa. Com menos de um mês de treinamentos, ela faturava sua primeira medalha de ouro.

- Todo mundo ficou empolgado de cara com a minha força. Após três semanas treinando, ganhei meu primeiro campeonato paulista, em 2000. No começo, optei por fazer ginástica junto com a luta, mas a decisão de escolher uma só foi natural. Minha mãe estranhou no começo, achando que era um esporte muito masculino para mim. Mas agora todo mundo, inclusive ela, me apoia - disse Gabriela.

O estranhamento não foi só por parte da família. A brasileira reconhece que as pessoas em geral se assustam com seu esporte. Para ela, tudo é uma questão de curiosidade e jamais houve preconceito

- As pessoas se surpreendem e sempre me perguntam como comecei no esporte. De cara, já olham para o meu braço. É mais uma curiosidade, nunca sofri preconceito.

Duelo será contra musa da luta de braço

No desafio realizado no evento "Arnold Classic" do Rio, Gabriela vai encontrar uma velha conhecida: a sueca Sarah Backman, de 21 anos, conhecida como a musa da modalidade. As duas se enfrentaram no ano passado, na edição do evento em Madri, na Espanha. Na ocasião, a disputa foi uma "melhor de seis", com a brasileira vencendo apenas uma vez. Gabi ressalta que a disputa na Espanha foi pouco depois do Mundial e, por estar lesionada, teve pouco tempo para se preparar. No Brasil, espera um cenário diferente.

- Sarah é famosa dentro da luta de braço. Todo mundo está falando em uma revanche minha. Tenho esse objetivo. Quando lutamos, eu perdi cinco e ganhei apenas uma, mas vinha de uma lesão (ruptura parcial do ligamento do cotovelo) após o Mundial e tive só três semanas para me preparar. Não estava totalmente pronta. Agora vai ser diferente - disse .

A luta de braço virou um esporte oficial internacionalmente em 1967, com a fundação da Federação Mundial (WAF), que hoje já tem cerca de 120 países filiados. No Brasil, a modalidade se tornou oficial 10 anos depois. O país esteve presente em todos os campeonatos mundiais realizados até hoje, desde 1980. Existe divisão pelo braço e pelo peso do atleta.

- O esporte trabalha muita técnica. Não é apenas a força. Trabalhamos muito o corpo direcionando para a técnica que vamos usar. Tudo varia de acordo com o adversário. A velocidade também conta muito. Se eu sair um milésimo antes do juiz autorizar, já tenho mais chance de ganhar. A explosão conta muito - completou Gabriela, que fez questão de agradecer o amigo e técnico Victor, um dos que a ajudaram na preparação para as provas.

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