O Brasil esteve longe de ser brilhante diante de uma Alemanha muito eficiente. Chegou a estar a cinco minutos da eliminação no Mundial Sub-20, mas com dois gols de Maicon, um no finalzinho do tempo normal e o outro no primeiro lance da prorrogação, conseguiu vencer por 2 a 1 e chegar às semifinais.
Foram duas horas de uma partida emocionante e com dois heróis brasileiros - o goleiro Rafael, competentíssimo nos momentos mais críticos do jogo, e o atacante Maicon, que saiu do banco de reservas para mudar o destino da seleção no torneio. O que seria uma eliminação precoce transformou-se numa vitória que deixou o Brasil com mais cara de campeão. Na terça-feira, a seleção tenta uma vaga na decisão contra o vencedor de Costa Rica e Emirados Árabes.
Se posse de bola significasse necessariamente vantagem no placar, o Brasil teria saído com goleada no primeiro tempo. A seleção esteve 64% do tempo com a bola nos 45 minutos iniciais, mas foi ineficiente na criação das jogadas. Já a Alemanha, sempre que tomava a bola, partia em contra-ataques perigosos. Tanto que foram os alemães que mais chutaram: 11 a 7. No melhor deles, aos 10 minutos, Aydilek recebeu lançamento na área, nas costas de Douglas, entrou na cara de Rafael e chutou para ótima defesa do goleiro brasileiro.
O Brasil concentrava seu jogo pela esquerda e buscava Alan Kardec na área, mas a defesa da Alemanha conseguia cortar os cruzamentos antes que eles chegassem ao camisa 9. A melhor tentativa saiu aos 23, em contra-ataque puxado por Alex Teixeira, que passou também por Kardec e Ganso antes de voltar a Alex. Já dentro da área, ele tentou tocar para Kardec, mas o goleiro cortou.
Aos 29, a seleção saiu jogando mal, a Alemanha encaixou o contra-ataque, avançou e Douglas interrompeu jogada com a mão na bola. Vrancic cobrou a falta na barreira e na volta Bender mandou de primeira, com perigo, à direita do gol.
Mas a partir daí o Brasil melhorou no jogo. A primeira grande chance saiu aos 31. Alan Kardec acionou Giuliano, na entrada da área, o meia protegeu como um pivô e devolveu para Kardec. O atacante entrou na área e bateu cruzado, tentando o canto direito, mas jogou para fora.
Aos 33, Alex Teixeira tabelou com Giuliano, recebeu ótima devolução, entrou na área, mas não cruzou nem chutou. No lance seguinte, ele se redimiu e deu ótima bola para Diogo na área, mas o lateral chutou torto para fora.
Mas por pouco não foi a Alemanha que saiu em vantagem no primeiro tempo. Aos 44, a defesa do Brasil bobeou, Holtby foi à linha de fundo e cruzou para Sukuta-Pasu na marca do pênalti. O centroavante alemão bateu forte, mas Rafael, bem colocado, salvou o Brasil.
No segundo tempo, a primeira grande jogada brasileira saiu logo aos 3 minutos. Alex Teixeira arrancou do meio de campo, carregou até a entrada da área e tocou para Ganso. O meia do Santos devolveu de primeira mas Alex pegou mal na bola e mandou por cima.
Aos 8, Kopplin cruzou, Sukuta-Pasu, de costas para o gol, desviou de cabeça e a bola foi no cantinho. Rafael mais uma vez apareceu bem e jogou para escanteio.
Aos 15, Dalton tomou a bola, mas saiu jogando mal. Holtby recuperou e enfiou para Sukuta-Pasu. Ele entrou na área, cara a cara com Rafael, mas o goleiro brasileiro saiu muito bem e conseguiu abafar o chute.
No minuto seguinte, o lance mais bonito do jogo. Ganso cruzou e Giuliano, dentro da área, deu uma bicicleta quase perfeita. Quase porque a bola foi no meio do gol e Zieler conseguiu fazer a defesa.
O problema é que o Brasil parecia depender quase que exclusivamente dos lances individuais. Presa na eficiente marcação alemã, a seleção só ameaçava quando Giuliano ou Alex Teixeira conseguiam fazer uma boa jogada. Para tentar aumentar a criatividade do Brasil, o técnico Rogério Lourenço resolveu trocar Ganso, apagado no jogo, por Douglas Costa.
Alemanha sai na frente
A Alemanha continuou melhor e voltou a assustar aos 26. Sukuta-Pasu fez jogada individual e de fora da área bateu rasteiro, no canto esquerdo. Rafael conseguiu espalmar e a zaga afastou.
Mas aos 28 não deu para o goleiro brasileiro. Aidylek cruzou da esquerda, no segundo pau, e encontrou Holtby na pequena área. O alemão só escorou, no contrapé de Rafael, e fez Alemanha 1 a 0. Então, Rogério fez a substituição que resolveria o jogo para o Brasil: saiu Boquita, entrou Maicon.
Alex Teixeira teve boa chance para empatar aos 32. Ele recebeu na meia-lua, dominou e bateu no canto direito, mas a bola foi para fora.
Aos 38, Douglas Costa cobrou falta de longe, a bola passou por todo mundo e Zieler conseguiu fazer a defesa.
O Brasil já parecia entregue, mas aos 43 conseguiu o empate. Douglas Costa tocou com Maicon, na esquerda da área. O atacante dominou e bateu meio de bico, sem tanta força, mas acertou o cantinho do gol de Zieler. Brasil 1, Alemanha 1.
Nos acréscimos, a seleção quase virou em grande jogada individual de Douglas Costa. Ele foi cortando pelo meio e soltou uma bomba, que encobriu o goleiro alemão mas explodiu no travessão. Fim de jogo, 1 a 1 e decisão na prorrogação.
E ela começou exatamente como o segundo tempo terminou - com a estrela de Maicon. No primeiro ataque brasileiro, o atacante recebeu lançamento na área e tocou com categoria, sobre o goleiro, para virar o jogo para o Brasil. 2 a 1.
A partir daí, a prorrogação se tornou o oposto do que foi o tempo normal. A Alemanha tinha mais posse de bola, tentava o gol, mas pouco assustava. Jogando nos contra-ataques, era o Brasil quem criava as melhores oportunidades.
Maicon, de novo, quase fez o terceiro. Após jogada de Douglas Costa, ele cortou o zagueiro alemão, já dentro da área, mas o goleiro Zieler impediu a conclusão do brasileiro.
O Brasil conseguiu segurar o jogo, gastar o tempo, e evitar maiores emoções até o fim. Levou a classificação com méritos, porque, ainda que a atuação não tenha sido das melhores, a seleção mostrou o quanto quer o pentacampeonato mundial.