Quando os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro forem oficialmente encerrados, ficará para a história como a melhor participação brasileira até aqui no evento. Poucos, porém, se lembrarão que a meta estabelecida antes da Olimpíada não foi cumprida. O objetivo era chegar ao top-10 do quadro de medalhas - pelo total de conquistas – e o Brasil ficou a três medalhas do décimo colocado.
Após a conquista do ouro pela seleção masculina de vôlei, o Brasil fecha a Rio-2016 com 19 medalhas. O Canadá é o último do top-10 com 22 – exatamente a quantidade que o COB (Comitê Olímpico do Brasil) previa superar em suas contas pré-olímpicas (que iam de 23 a 27). O problema é que algumas apostas consideradas certeiras não subiram ao pódio.
O vôlei, por exemplo, poderia ter suprido essa lacuna. A seleção feminina que ficou nas quartas de final era a atual bicampeã olímpica. Na praia, Larissa e Talita dominaram o circuito mundial e Evandro e Pedro Solberg chegaram como favoritos. Nenhum dos três subiu ao pódio. O mesmo pode ser dito de Sarah Menezes e Érika Miranda, do judô, Bruno Fratus, nos 50m na natação, e Bruno Soares e Marcelo Melo, nas duplas do tênis.
“O mais importante é que estamos tendo um desempenho histórico”, justifica o ex-jogador de vôlei Bernard Rajzman, chefe da missão brasileira na Olimpíada, lembrando dos recordes que os brasileiros já quebraram: mais medalhas (19 contra as 17 de Londres-2012), maior número de ouros (sete, contra cinco de Atenas-2004) e quantidade de modalidades que subiram ao pódio (13, contra nove de Londres-2012 e Atlanta-1996).
A meta foi resultado do aumento do investimento do governo federal após a vitória no processo para receber o evento. “O Plano Brasil Medalhas 2016, lançado em setembro de 2012 pela presidenta da República, Dilma Rousseff, e pelo ministro do Esporte, Aldo Rebelo, tem como objetivo colocar o Brasil entre os 10 primeiros países nos Jogos Olímpicos e entre os cinco primeiros nos Jogos Paraolímpicos do Rio de Janeiro, em 2016”, diz a página do Ministério do Esporte.
A nova gestão do Ministério do Esporte, porém, negou esse objetivo: “A meta não era do ministério. Não posso considerar descumprido uma meta que não era do Ministério”, diz Leonardo Pisciani, ministro do esporte desde maio. “O Ministério está satisfeito. Tivemos a melhor participação em Olimpíada“.
No total, foram investidos ao menos R$ 3,19 bilhões de verba pública em estrutura de instalações dos atletas, capacitação de profissionais, logística e salários ao longo do caminho até a Rio-2016. O número é cerca de 50% a mais do que feito para Londres-2012, com apenas duas medalhas a mais.